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As coisas de que eu gosto! e as outras...

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30.11.19

A Padeira de Aljubarrota @ Lendas de Portugal

Miluem

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Foto: Pintrest

A Padeira de Aljubarrota

 

Brites de Almeida não foi uma mulher vulgar.

Era feia, grande, com os cabelos crespos e muito, muito forte.

Não se enquadrava nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino, o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da vida.

Nasceu em Faro, de família pobre e humilde e em criança preferia mais vagabundear e andar à pancada que ajudar os pais na taberna de donde estes tiravam o sustento diário.

Aos vinte anos ficou órfã, vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao caminho, andando de lugar em lugar e convivendo com todo o tipo de gente.

Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente.

Apesar da sua temível reputação houve um soldado que, encantado com as suas proezas, a procurou e lhe propôs casamento.

Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, impôs-lhe a condição de lutarem antes do casamento.

Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites fugiu de barco para Castela com medo da justiça.

Mas o destino quis que o barco fosse capturado por piratas mouros e Brites foi vendida como escrava.

Com a ajuda de dois outros escravos portugueses conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira.

Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve.

Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira em Aljubarrota e casou-se com um honesto lavrador..., provavelmente tão forte quanto ela.

O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza.

Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército português que naquele dia derrotou o invasor castelhano.

Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho ruído: dentro do forno estavam sete castelhanos escondidos.

Brites pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali.

Tomada de zelo nacionalista, liderou um grupo de mulheres que perseguiram os fugitivos castelhanos que ainda se escondiam pelas redondezas.

Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do seu lavrador mas a memória dos seus feitos heróicos ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal.

A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto.

 

Fonte: http://leirianacional.blogspot.com

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