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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

05.05.22

Mealhada, Aveiro @ Lendas de Portugal -Pedra da sesta

Miluem

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Pedra da sesta

 

Todos os anos no dia 19 de Março, que é a data em que ainda hoje é festejado o S. José, na aldeia os trabalhadores rurais juntavam-se em volta do terreiro da capela, onde jazia enterrada uma grande pedra, ainda hoje escondida nas traseiras do lado nascente da ermida, designada por “pedra da sesta”.

Ali exumavam a pedra, com grande esforço, compensado pela ingestão de intermitentes goladas de vinho tinto da região, numa cerimónia alegre que designavam por “desenterrar a sesta”.

A partir dessa altura, começava a sesta, ou seja, os trabalhadores passavam a ter direito a duas horas de descanso à hora do almoço (então designado por “jantar”), quando, até aí, era apenas de uma hora, enquanto que a sesta para os lugares vizinhos apenas começava uma semana depois.

No dia 8 de Setembro seguinte, dia em que acabava a sesta

– ou seja a partir daí até 19 de Março seguinte, os trabalhadores passavam a ter apenas direito a uma hora de descanso

– eram os patrões que se encarregavam de enterrar novamente a pedra, por serem eles os beneficiados, repetindo-se todos os anos a tradição, que deixou de ser praticada há cerca de cinquenta anos.

 

Créditos:

Fonte: http://mealhadaventosadobairroeantes.pt/lendas/

Foto: https://m.facebook.com/municipiomealhadacomunicacao/

03.05.22

S. Bento da Porta Aberta @ Lendas de Portugal

Rio Caldo, Terras de Bouro, Braga

Miluem

S. Bento da Porta Aberta

 

Os habitantes de Cossourado nem queriam acreditar no que viam! O Santo que haviam colocado na capela recentemente inaugurada, o Patriarca S. Bento, apareceu no dia seguinte em cima de uma árvore do recinto, apesar da porta ter ficado fechada toda a noite, e ainda o permanecer naquela altura!

Imediatamente foram chamar pelo reverendo pároco, mesmo antes de colocar uma escada para descer o santo de lugar tão arejado. Apareceram todas as pessoas do lugar para ver o sucedido. Aquilo era obra de algum malandro! Só não entendiam o facto do dito meliante não ter roubado a imagem, pois era de grande valor. Seria uma brincadeira de mau gosto? Quem é que teria a chave da porta, para a abrir e tornar a fechar? Uma certeza tinham: o autor de tal obra não era homem de grande fé ou respeito!

Depois de descerem o pobre do S. Bento do altar improvisado, de o terem recolocado no altar principal, que era seu por direito de padroado, todos se ajoelharam para desagravar o ultraje. E lá foram aos seus afazeres, comentando o triste episódio, não sem antes terem mudado a fechadura da porta, a terem fechado a quatro voltas de chave e conferido a segurança da mesma.

Mas a surpresa e indignação desse dia passou para a estupefação e maravilhamento no dia seguinte. Não é que apesar de todos os cuidados do dia anterior, o Santo Padroeiro estava outra vez no cimo da árvore? Depois de terem conferido que a porta ainda se encontrava fechada, e que a chave não tinha sido roubada, não encontravam explicação para o sucedido! Aquilo já dava a entender que era coisa do outro mundo! Mas o que é que podiam fazer? O S. Bento ali estava, e parecia que satisfeito! Não havia outro remédio senão voltar a colocá-lo no seu devido lugar.

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Acontece que a mesma cena se foi repetindo com o passar dos dias! A notícia de tão estranho acontecimento já atraía multidões a Cossourado, sem que os pobres dos habitantes da terra soubessem o que deveriam fazer. Aquilo assim não podia continuar! Estaria o Santo zangado com o povo, não querendo ficar na capela que haviam construído para ele com tão grande sacrifício, preferindo a árvore que dava sombra ao largo? Estavam eles na discussão das razões das saídas do santo, quando alguém reparou que talvez fosse por a capela ter pouca luz ou a porta não deixar entrar o ar, por ser toda fechada, ou ainda porque não permitia ao Santo dar uma olhadela a quem passava no caminho. Um outro acrescentou que, de facto, a porta era demasiado fechada, não deixando até que os devotos, quando por ali passavam, olhassem para o Santo a pedir algum favor!

Por muito tempo discutiram sobre o assunto, até que resolveram mandar fazer uma porta gradeada para a capela, e que fosse bastante aberta, apesar de impedir a entrada de qualquer animal, para que não faltasse o respeito devido. Feita a dita porta e colocada nos umbrais da capela, esperaram pelo dia seguinte para ver qual a reação de S. Bento.

Nesse dia, logo de madrugada, acorreram todos à capela, e qual não foi o seu espanto ao verificar que, de facto, o Santo, pela primeira vez, havia permanecido no belo altar que lhe haviam dedicado!

Conta-se que a partir daquele dia o Santo nunca mais saiu e, por isso, deram à capela e ao local o nome de “S. Bento da Porta Aberta”.

 

Créditos:

Fonte:

https://www.altominho.pt/pt/viver/lendas-e-tradi%C3%A7%C3%B5es/s-bento-da-porta-aberta

Fotos:

https://www.sbento.pt/pt/hp/santuario/

https://bismula.wordpress.com/2013/09/02/216-figuras-do-meu-tempo-s-bento-da-porta-aberta/08

01.05.22

Vila Nova do Ceira, Góis, Coimbra @ Lendas de Portugal - Lenda das duas Rosas

Miluem

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Lenda das duas Rosas

 

Diz-nos outra lenda, que o estreito do Cabril separava dois reinos: o Mouro e o Cristão.

O mouro chamado Al-Kandar na margem esquerda do rio Ceira, ou seja Candosa, e o Cristão na margem direita.

Diz a lenda que a linda princesa se enamorou do filho do rei cristão ao ponto de se apaixonarem, mas a rivalidade dos pais não permitia tal coisa. Porém ás escondidas numa gruta que ainda hoje existe, marcavam encontros à noite. O sinal seria uma lamparina acesa que era vista da outra margem pelo príncipe cristão, que por sua vez passava o rio para o outro lado ao encontro da sua amada.

Mas uma noite o rei mouro deu pela falta da filha e logo mandou os guardas com cavalos à procura da princesa. Ao ouvirem o trote dos cavalos os jovens enamorados tentaram fugir, mas na fuga precipitada, caíram ao rio. Só no dia seguinte foram encontrados mortos e abraçados como a quererem dizer que queriam ficar juntos para sempre e que o seu amor seria mais forte que a rivalidade dos pais.

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A partir desse dia, dizem que todas a noites de lua cheia, à meia-noite, se ouvem vozes e murmúrios, no local da tragédia, e se vêem duas rosas a boiar nas águas do rio. Daí se chamar a “Lenda das duas Rosas”.

 

José Rodrigues (de Salpicos da minha Aldeia, 2005)

 

Créditos:

Fonte: https://www.freguesiadevilanovadoceira.pt/lendas-e-tradicoes

Fotos: 

https://www.1zoom.me/en/wallpaper/517135/z4800.5/

https://aldeiasdoxisto.pt/poi/5595

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