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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

23.04.22

Museus @ Portugal - Museu da Casa Grande

Freixo de Numão, Vila Nova de Foz Côa, Guarda

Miluem

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Quando visitar Freixo de Numão, uma das paragens obrigatórias é, o Museu da Casa Grande, instalado num solar barroco (segunda metade do século XVIII), onde se encontram muitos locais de arqueologia e etnologia, bem como um quintal anexo, com ruínas romanas, medievais e modernas, tendo sido ali encontrados materiais que marcam, a longínqua Idade do Ferro.

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Desde a chegada dos Romanos, podem ser vistos vestígios por toda a parte nos limites e orlas de Freixo de Numão. No estágio de aprendizagem avançada, existem algumas casas de campo: do Prazo, com três ocupações (1/2 séc. d.C., segunda metade do séc. III d.C. e era Constantino séc. 14 d.C.); Rumansil (ocupada na segunda metade do século III d.C. ao séc. V d.C.); Zimbro II (Período de ocupação que vai do séc. I ao séc. IV d.C.; Colodreira/ Escorna de Bois (Período de Ocupação vai do final do séc. II ao séc. VI).

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No que é hoje a área urbana da freguesia de Freixo de Numão, deve ter existido um importante castro (Idade do Ferro), depois fortemente romanizado. Vestígios de um grande vicus ou até mesmo de uma provável civitas, jazem debaixo de casas e ruas da zona antiga da freguesia. Referência (através de achados epigráficos) a deuses e deusas como Juno, lovi (Júpiter), Lares, Breaegui, Turocicis favorecem as suspeitas da existência dessa civitns!

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Museu da Casa Grande - Rua Direita, 5155-246 Freixo de Numão

Tel. 279 789 117 / 279 788 145

E.mail: museucasagrande@hotmail.com

Facebook: https://www.facebook.com/Museu-CasaGrande-1412525512394558/

 

Créditos:

Fonte: https://www.cm-fozcoa.pt/index.php/turismo/circuito-arqueologico-freixo-de-numao

Fotos: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/museus-e-monumentos/rede-portuguesa/m/museu-da-casa-grande/     /    https://www.aldeiasdeportugal.pt/servicos/museu-da-casa-grande/

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O Edifício do Museu

Casa nobre rococó, e planta rectangular composta por ala residencial e capela adossada num dos topos, volumetricamente diferenciada. Fachada principal com casa de dois pisos, de cunhais apilastrados, terminadas em friso e cornija, sobrepostas por beiral, e zona central alteada de perfil curvo; e rasgada no primeiro piso por portal de planta côncava encimado por janela de sacada contacurvada, e com balaustrada, de moldura rematada por cornija contracurvada e volutas, sobrepujados por pedra de armas familiar, envolvida por concheados. Lateralmente rasgam-se janelas de peitoril sobrepostas, de arco abatido, as do primeiro piso rematadas por avental curvo, e as do segundo piso, mais trabalhadas, com brincos, e decoradas por enrolamentos, flores-de-lis e conchas. A capela tem pilastras compósitas, coroadas por fogaréus, e termina em empena contracurva interrompida por nicho, sendo rasgada por portal, encimado por janela, com molduras recortadas, decoradas, com orelhas, volutas, concheados, enrolamentos e elementos vegetalistas. Interior da capela com retábulo em talha dourada rococó. Caracteriza-se pela fenestração regular, de vãos em arco abatido, e horizontalidade do corpo, interrompida ao centro da casa, pela excessiva altura da empena curva alteada, acentuada pela colocação dos vãos e pedra de armas familiar em eixo, e pelo remate da capela em empena contracurvada interrompida, terminando ambos à mesma altura. O esquema de demarcação do eixo central da casa é bastante semelhante ao da Câmara Municipal de Mêda (v. PT020909090081). A casa e a capela apresentam diferente tratamento decorativo, sendo o da capela mais desenvolvido e de maior relevo, mas ambas têm linhas contracurvadas, molduras recortadas e profusão de concheados, que dinamizam a estrutura. Sobre o portal da capela existe ainda cartela com data da construção. È notório a diferença de tratamento entre a fachada principal e as laterais, terminadas apenas em beiral e de vãos rectilíneos e molduras simples.

 

Créditos:

Fonte: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2998

Foto: https://www.aldeiasdeportugal.pt/servicos/museu-da-casa-grande/

21.04.22

Torre de Moncorvo, Bragança @ Lendas de Portugal - A moura encantada de Adeganha

Miluem

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A moura encantada de Adeganha

 

No antigo castelo de Adeganha [concelho de Moncorvo] existia uma passagem subterrânea que depois foi tapada. Lá dentro ficou uma jovem moira que os cristãos haviam raptado e ali encerraram. Era tecedeira e tecia fios de ouro. Pelo tempo fora, a moura ali ficou encantada.

Um dia, um pastor andava por ali, guardando as cabras. Subiu ao cimo das ruínas do castelo e espreitou por um buraco. Viu umas escadas e desceu por elas.

Começou a ver ouro, muito ouro. De repente, assustou-se e voltou a subir, cheio de medo. Ouviu então uma voz dizendo:

– Ah, ladrão, que me dobraste o encanto!

Era a voz da moura, lamentosa, que ali continuaria, encantada, pelos tempos fora. O encanto só podia ser quebrado por alguém que ali fosse à meia noite do dia de São João.

E foi o que aconteceu. Um outro pastor, que guardava ovelhas, deixou perder uma delas que entretanto parira. Foi procurá-la de noite. Subiu ao castelo para ver se escutava os balidos da ovelha e da cria. De repente, espreitou pelo buraco. E lá dentro, viu uma toalha branca, de linho, cheia de figos secos. E que apetitosos!...

Desceu, e foi encher os bolsos. Depois foi à procura da ovelha. Encontrou-a junto ao castelo, presa em umas silvas e acariciando o cordeirinho. Então meteu um figo à boca, mas... era de ouro. Os figos eram todos de ouro fino. Ouviu então um barulho leve, como de avezinha, e uma palavra cheia de ternura e felicidade:

– Obrigada!

Era a moura que voava, livre, para junto dos seus. O encantamento havia sido quebrado. Ficou da história uma quadra que o povo de Adeganha continua a cantar:

“Aqui está Adeganha,

Toda ela engalanada!

Ao cimo tem o castelo

Com sua moira encantada!”

 

Fonte: ANDRADE, Júlio – “Lenda da moira encantada de Adeganha”, in Terra Quente, Mirandela, 1-12-1999.

 

 

Créditos:

Fonte: https://5l-henrique.blogspot.com/2016/10/tres-lendas-do-concelho-de-torre-de_27.html?m=1

Foto: https://www.cm-moncorvo.pt/pages/809?poi_id=43

19.04.22

@ Lendas de Portugal - Lenda do Rio Neiva

Miluem

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Lenda do Rio Neiva


Era uma vez um rei chamado Oural, a quem uma terrível feiticeira, invejosa do seu poderio, por todas as terras de entre Lima e Cávado, transformou e, com ele, a bondosa rainha, numa serra escalavrada e nua.

Os dois infelizes soberanos tiveram, ali, um filho, nascido do ventre materno em forma de fonte, num saltitar alegre e palreiro, de jorro de água, sobre pedras, ervagens e lama.

Sabendo-o assim, saudável e puro, o rei Oural quis vê-lo crescer, fortalecer, livrar-se das imagens severas das penedias e correr, livre, pelo vale que se lhe rasgava aos pés.

Depois de o batizarem com o nome de Neiva, tão semelhante a Névoa, àquele espesso manto cinzento que lhes envolvia o corpo friorento pelos invernos rigorosos, os pais disseram-lhe um comovido adeus, com as lágrimas a congelarem, brancas, nos peitos duros, como manchas brilhantes de geada.

Também o Neiva se despediu dos pais, mas numa pressa de jovem ansioso por descobrir novos lugares, sonhando aventuras no percurso até à imensidão do mar, onde iria mergulhar-se e confundir-se.

Descia, então, vertiginoso, em pequenas cascatas e açudes, o dorso áspero da serra e, ao vê-lo, maravilhadas com a sua beleza, as fontes precipitavam-se, vindas de outros montes próximos, como os de Fojo Lobal, onde vagueava o lobo carniceiro, e de outros locais, como Arêfe, Carvoeiro e Fragoso, para o saudarem, para se lhe juntarem, para lhe aumentarem o caudal.

Ufanava-se já de um afluente esperto, o Nevoínho.

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E lá ia seguindo o seu caminho no vale ameno, mais crescido e torrencial, com a voz que fora, apenas, um chilreio de passarinho, a engrossar, a infundir respeito a quem, homens e animais, o avistava das margens, pesado das chuvadas.


E era com respeito, de facto, que os animais e os homens se debruçavam para o seu leito, dessedentando-se em águas tão límpidas.

Ladeavam-no, curvando-se sobre ele, os ramos verdes e floridos dos salgueiros, dos ameeiros, dos carvalhos, numa saudação grata que o vento ajudava a prestar-lhe, felizes de sentirem a humidade vivificante a penetrar-lhes as raízes, vinda daquele rio generoso.

E o Neiva sentia a palpitar-lhe, nas entranhas, cardumes de peixes de prata que o agitavam em breves ondas de prazer.

E o Neiva escutava, pelos ares que o dosselavam, um frémito de penas, um adejo de asas leves, da passarada gorjeante, de melros e rouxinóis.

Desde Gondinhaços, aconchegada ao rés do berço, que as casas rústicas, os grandes campos de lavoira, queriam tê-lo como espelho, a refletirem-lhe a brancura da cal e a fertilidade pujante.

Também as azenhas beneficiavam da frescura e rapidez das suas águas, com as grandes rodas num giro constante, a prometer a bênção da farinha-e do pão.

O luar inundava-o de doçura.

Os raios de Sol salpicavam-no de oiro.

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Por fim, o Neiva chegou à largueza da foz, alagando rochedos vestidos de limos e praias de areias claras.


E viu o mar!

Com que orgulho o penetrou, se alargou por ele, se espreguiçou no sal das suas vagas altas, geladas, num arrepio salutar!

Com que orgulho o recebeu aquele mar profundo e rouco, sempre inquieto, sentindo-se maior e mais brando, na meiguice de acariciar de espuma o corpo fino dos areais, mostrando-se menos perigoso no oscilar do barco de pesca, no arremessar à costa as grossas tiras castanhas e oleosas do sargaço fertilizante.

E o Neiva, súbito, reconheceu que era ele a alma viril de seu pai, prisioneira da maldade de um feitiço, de novo a fecundar de abundância e a fazer progredir os seus antigos domínios, e a bondade da sua mãe a encher de beleza a paisagem e de amor o coração da terra.

E, tal como Deus, no final de cada dia criador do Universo, viu que tudo isto era bom.

 

Créditos:

Fonte: https://www.altominho.pt/pt/viver/lendas-e-tradi%C3%A7%C3%B5es/lenda-do-rio-neiva/

Fotos:

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/trilho-do-rio-neiva-trail-of-the-neiva-river-6075138/photo-3307073

https://www.cm-barcelos.pt/items/rio-neiva/

https://mapio.net/pic/p-996457/