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As coisas de que eu gosto! e as outras...

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06.01.22

««Tradições »» Os Reis Magos na Vila de Pereira

Vila de Pereira, Montemor-o-Velho, Coimbra

Miluem

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Vila de Pereira, terra multicentenária de tradições cristãs e católicas, mantém nas suas memórias um dos motivos, que as gentes desta Vila tinham para lembrar e comemorar, “ A chegada dos Reis Magos a Belém de Judá “.

 

Já se tinha vivido o Natal intensamente com o arranjo do Presépio, as sementeiras das cearas de trigo para colocar no presépio, a feitura dos filhós, a cozedura das broas doces, daquelas grandes que depois eram cortadas ás fatias.

 

Também já tinha partido o ano mau e chegado o ano bom, carregado de esperança em melhor vida, nessa imensa noite em que se esperava pela meia noite para se ouvirem as máquinas do Caminho de Ferro com os seus apitos estridentes na estação de Alfarelos (o povo com pouco se contentava).

Agora ia chegar o último acontecimento festivo da época natalícia; a chegada dos Reis Magos, vindos do lado do Oriente.

Assim… como um sonho, recriava-se aquela parte mágica em que todos com grande convicção juntam a sua vontade á vontade dos Reis em visitar o Menino Deus assim como oferecer do pouco que tinham a par dos tesouros dos Reis, colocando essas oferendas junto ao presépio montado carinhosamente na Igreja Paroquial.

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Para isso e estrategicamente munidos de escadas iam bem cedo no dia 6 de Janeiro de todos os anos, junto á Capela de Nossa Senhora do Pranto, percorrer com o olhar o ponto do lado nascente, por onde deveriam chegar os anunciados Reis Magos do Oriente.

Esse momento mágico chega e eis que no horizonte se desenham aquelas silhuetas inconfundíveis do Baltazar, por sinal bastante queimado pelo sol, o Gaspar de longas barbas brancas e teimosamente rezingão e o bonacheirão do Belchior que com eles traziam ouro, incenso e mirra.

Montados em vistosos cavalos, em que logo sobressaia o cuidado que tiveram para evitar as criticas que não seriam nada aconselháveis no momento.

Chegados à Capela muito ovacionados, eis que a par de toda a miudagem, que não quer perder nada daquele espectáculo se junta a grande massa da população da Vila com as suas pequenas prendas.

Eram sacos com batatas, abóboras meninas, garrafas de vinho e azeite, vinho do Porto, licores vários, tabuleiros compostos com batatas, bacalhau e vinho tinto, cambos de alhos e cebolas, mais tabuleiros com tangerinas e laranjas, galinhas, coelhos, patos etc, etc,.

Com a estrela de seis pontas á frente, seguindo-se os Reis e a seguir o povo, lá iam percorrendo as ruas que conduziam ao presépio, pelo caminho outros se iam juntando engrossando ainda mais esse tão lindo cortejo, ficando logo certo que seriam muitos mais á chegada do que á partida.

Após a chegada ao Presépio e após breve cerimónia, eis que todos se juntam envolvendo um palanque previamente preparado, onde um homem, com jeito para o caso, fazia as delicias das pessoas com as suas brincadeiras enquanto ia leiloando as oferendas, cujo valor junto seria entregue ao Padre da Paróquia para as obras possíveis na Igreja Paroquial.

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E assim terminava o período de Natal em que todos se sentiam como se tivessem estado há 2000 anos junto ao estábulo onde nasceu o Menino Deus Salvador, Jesus Cristo.

 

Arnaldo Nobre 2006

 

Créditos:

Fonte:

https://www.freguesiadepereira.pt/tradicoes.

Fotos:

https://cportugalfilmcommission.pt/pt-pt/listings/centro-historico-da-vila-de-pereira/

https://www.geocaching.com/geocache/GC4E0TQ_capela-de-nossa-senhora-do-pranto?guid=5010c04c-eb4c-4e21-81dd-b7a3cf45f73d

https://www.freguesiadepereira.pt