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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

01.01.22

Lenda por Fernanda Louro @ Lendas de Portugal - A Lenda do noivado entre a Beira Baixa e o Alentejo

Miluem

Por Fernanda Louro

 

Há muitos muitos anos, talvez perto de 65, o jornal "O Século" fez um concurso com Lendas de Portugal. Havia uma caderneta onde a minha Mãe colava as lendas que eram publicadas periodicamente no jornal e eu adorava lê-las. Algumas, tenho visto serem publicadas outras não. Entre estas últimas adorei uma:

Idanha-a-Nova.JPG

 A Lenda do noivado entre

a Beira Baixa e o Alentejo. 

Serra_de_São_Mamede,_Portalegre.JPG

A Beira Baixa e o Alentejo apaixonaram-se e trocaram prendas de noivado: O Alentejo deu à Beira a campina de Idanha-a-Nova e a Beira retribuiu com a oferta da Serra de S. Mamede ao Alentejo. 

O noivado desfez-se mas juraram nunca se desfazerem das prendas trocadas. 

 

Como nasci e vivia em Castelo Branco, ia com muita frequência passar temporadas a Idanha-a-Nova onde a minha irmã mais velha vivia, apesar de ser uma "pisca" a comer, adorava a comida que por lá se fazia. Mais tarde casei com um "filhote" da Serra de S. Mamede, a minha sogra ficava muito admirada por eu gostar da comida alentejana quando ouviu a minha resposta: 

A Lenda, que atrás citei, era verdadeira pois a todas aquelas comidas estava eu habituada a comer em casa da minha irmã. 

(...)

 

Fonte: https://miluem.blogs.sapo.pt/janeiras-castelo-branco-404940?view=911820#t911820

Fotos: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Idanha-a-Nova.JPG

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Serra_de_S%C3%A3o_Mamede

01.01.22

Ano Novo | poema de Cecília Meireles

Miluem

Fotografia-de-Cecilia-Meireles-4.jpg

 

Renova-te.

Renasce em ti mesmo.

Multiplica os teus olhos, para verem mais.

Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.

Destrói os olhos que tiverem visto.

Cria outros, para as visões novas.

Destrói os braços que tiverem semeado,

Para se esquecerem de colher.

Sê sempre o mesmo.

Sempre outro. Mas sempre alto.

Sempre longe.

E dentro de tudo.

 

Cecília Meireles.

 

Créditos:

Fonte: http://www.blogclubedeleitores.com/2012/12/poemas-de-ano-novo-com-cecilia-meireles.html?m=1

Foto: https://pgl.gal/cecilia-meireles-importante-tagoreana-brasil/

01.01.22

Cabreira@ Lendas de Portugal - Lenda do Rio Ave

Miluem

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Lenda do Rio Ave

 

Não vou à procura das lágrimas da linda cabreira, mas a minha próxima caminhada será para conhecer mais uns segredos da Cabreira.

"Há muitos anos, há mesmo muitos, muitos anos, dezenas ou centenas de anos, chegou à Serra da Agra uma jovem, com um rebanho de cabras, vinda da Galiza. Sem ligar a fronteiras que, naquele tempo, não tinham a importância que hoje lhes damos, por ali andava a cabreira guardando o seu rebanho e admirando a paisagem que seduzia e encantava.

Por encostas e vales a jovem cabreira, bonita e formosa, ia contemplando a beleza local: os mantos verdes da vegetação, o azul transparente do céu, o amarelo cintilante do sol…. Nesta Serra do norte de Portugal, com 1200 metros de altitude, na passagem da província do Minho para a de Trás-os-Montes, reinava a paz. Os sons emitidos pelo rebanho, o chilrear das aves e o relinchar dos pequenos cavalos, os garranos, que habitavam a serra, eram uma melodia que sublimava as lindezas da natureza.

Mas um dia instalou-se a confusão. Cães que ladravam, cavalos que galopavam, homens que bradavam, trombetas que tocavam, setas e mais setas que assobiando cortavam o ar. Andavam caçadores pelas redondezas e a linda cabreira foi vista por um cavaleiro, também ele jovem, bonito e encantador. Deslumbrado com a sua formosura, o cavaleiro parou, admirou-a e com um grande sorriso, disse-lhe:

- Olá linda cabreira! Estou seduzido pela tua beleza. Os teus cabelos são como raios de sol, o teu olhar tem o brilho das estrelas e a tua doçura o reflexo do luar. Ela sentiu o mesmo encanto pelo cavaleiro e, envergonhada, respondeu-lhe:

- São os vossos olhos que me vêem assim. Senhor! Não mereço tanta admiração e o que me dizeis faz-me corar.

Vencido pela atracção que por ela sentia, o cavaleiro desceu da montada e deixou a caçada.

- Ouve, por ti, e só por ti, deixo os meus amigos e fico nesta serra só para te adorar!

E foi assim que começou, entre eles, uma linda história de amor. O cavaleiro e a cabreira esqueceram-se dos dias. Ali, sozinhos e felizes, sonharam, brincaram e fizeram juras, como se só eles existissem no Mundo. Mas, um dia, o cavaleiro sabendo que tinha trabalhos importantes a fazer e assuntos urgentes a tratar viu-se obrigado a partir.

- Ouve, minha princesa, eu vou ausentar-me, mas voltarei o mais depressa possível. Já não posso nem quero viver sem ti.

Suspirando de tristeza, a cabreira apenas confessou:

- Nem sei sequer quem és, nem tão pouco como te chamas.

O cavaleiro sorriu e abraçou-a, procurando dar-lhe confiança.

- Pouco importa, sou o homem de quem tu gostas e que também gosta muito de ti.

Mas digo-te que sou o Conde de uma vila próxima e em breve virei buscar-te para o meu palácio. Espera por mim!

Como numa jura, ela prometeu:

- Esperarei até ao fim da minha vida.

E esperou….

Os dias passaram, uns atrás dos outros, e a cabreira aguardava, impaciente, o seu amado. Recordava os dias felizes vividos com ele e não o vendo chegar ia entristecendo. Então, pensava:

- Preciso de o encontrar, de o ver, abraçá-lo, brincar e sonhar de novo… nem que para isso tenha de me transformar numa ave para sobrevoar as vilas mais próximas.

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O tempo corria e o cavaleiro não voltava. Cada vez mais triste, quase morta de cansaço a cabreira começou a desesperar. As lágrimas inundaram-lhe os olhos e chorou. Chorou tanto, tanto, que as lágrimas foram formando um rio. As suas águas, que eram a dor e a mágoa da linda cabreira, percorreram as terras das redondezas.

Para ajudar este rio, a encontrar o cavaleiro, outros, mais pequenos vieram ao seu encontro. Da margem direita chegou o rio Pelhe que percorreu 20 quilómetros e o Este 52 Km. Da margem esquerda ocorreu o rio Selho que caminhou 21 quilómetros e o Vizela 47, trazendo consigo os rios Ferro e o Bugio.

Todos juntos, rios e riachos cobriram uma área de 1390 quilómetros quadrados. Correndo de nordeste para noroeste, o rio de lágrimas calcorreou 94 quilómetros. Com os rios mais pequenos banhou terras de Vieira do Minho, Povoa de Lanhoso, Fafe, Guimarães, Vizela, Santo Tirso, Lousado, Ribeirão e Trofa, espraiando-se em Vila do Conde, a terra do cavaleiro que jamais foi encontrado.

O povo comovido e entristecido com a malfadada história da jovem e linda cabreira, não quis que ela fosse esquecida. Assim passou a chamar-se à serra onde a cabreira e o cavaleiro se conheceram – Serra da Cabreira e ao rio de lágrimas – Rio Ave – Já que ela queria ser ave e voar.

Um dia, se puderes, visita a Serra da Cabreira e faz o percurso do Ave. Quem sabe … talvez ainda descubras as lágrimas da linda Cabreira."

 

Fonte: Livro "A Lenda do Rio Ave e da Serra da Cabreira"

 

Créditos:

Fonte: http://asnotasparaomeudiario.blogspot.com/2010/03/lenda-do-rio-ave.html

Fotos: 

https://ominho.pt/sabe-onde-nasce-o-rio-ave/

http://www.jf-ribadeave.pt/noticias/rio-ave-da-nascente-foz/