O Mondego, o Alva e o Zêzere, nascidos da mesma mãe, três amigos viviam tranquilos e alegres, em irmandade.
Uma tarde, já quase de noite, envolveram-se em azeda conversa e lançaram desafios para romperem as prisões que os detinham e lançarem-se em corrida vertiginosa serra abaixo cujo objetivo seria o mar.
Ponte sobre o Rio Mondego em Caldas da Felgueira (Nelas, Viseu)
O Mondego, astuto, forte e madrugador, levantou-se cedo e começou a correr devagar para não fazer barulho e levantar suspeitas, desde as vizinhanças da Guarda, por Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim e dirigiu-se depois de ter robustecido com a ajuda dos colegas que vieram cumprimenta-lo à “Raiva” na direção de Coimbra depois de ter atravessado as Beiras.
Rio Zêzere em Belmonte (C. Branco)
O Zêzere que também estava alerta, moveu-se ao mesmo tempo que o Mondego, foi em direção a Manteigas pelo vale abaixo, passou pelos terrenos da Guarda, correu para o Fundão, desnorteou obliquando para Pedrogão Grande, depois de ter cruzado três províncias e já cansado de caminhar 40 léguas abraçou-se ao Tejo em Constância para poder chegar ao mar.
Rio Alva em Serzedo (V.N. Gaia, Porto)
O Alva, dorminhoco e poeta, demorou-se contemplando as estrelas, mais do que era prudente, adormeceu confiando no seu génio.
Quando despertou estremunhado, em sobressalto, avistou os colegas a correr já quase a perder de vista.
O Alva atirou consigo de roldão pelos campos fora, rasgou furiosamente montanhas e rochedos, galgou despenhadeiros, bradou vingança temerosa, rugiu, e quando julgou que estava a dois passos do triunfo foi esbarrar no seu principal antagonista o Mondego que lá ia, há várias horas, pelos campos de Coimbra.
O Alva atirou-se ao adversário a ver se o lançava fora do seu leito, espumou de “raiva” mas o outro que deslizava sereno e forte riu-se e…engoliu-o de um trago.
Chama-se raiva a este local onde o Alva desagua no Mondego em memória à sua atitude.
A origem da povoação de Pereira parece estar ligada às vicissitudes do processo de Reconquista do território aos mouros.
Conta a lenda que
"… quando os mouros foram expulsos das fortalezas de Coimbra e Montemor-o-Velho, alguns se entrincheiraram num dos pontos altos da margem sul do Mondego, chefiados por Almindo (ou Alminde), muçulmano terrível que deixou fama de carrasco pelas atrocidades e devastações que fazia na região.
Capela-Mor da Igreja da Misericórdia de Vila de Pereira
Os cristãos viviam, nessa altura, em terror permanente perante as barbaridades do desumano Almindo. E, não podendo suportar tal estado de sítio, por muito mais tempo, organizaram contra ele, graças ao entendimento dos alcaides de Coimbra e Montemor-o-Velho, uma corajosa investida que resultou na morte do chefe e na fuga dos companheiros.
Libertos do opressor e senhores do local, instalaram uma atalaia de defesa, que protegeram de audazes homens de armas, sob o comando do capitão Pereiro.
A lenda adianta que o capitão Pereiro acompanhou Afonso Henriques na luta contra os mouros e que em reconhecimento dos seus feitos o rei lhe deu o senhorio da atalaia, com as suas terras cultivadas e por cultivar, tomando a povoação o nome de Pereira."
Em 1158 o lugar já era habitado, uma vez que num documento datado desse ano Paio Guterres refere-se à terra no processo sobre a questão havida entre a Sé e o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Teve foral dado pelo rei D. Dinis em 1282, o que atesta a importância da povoação; as suas excelentes condições fizeram com que fosse local de paragem e estadia dos infantes D. Pedro e D. Henrique, bem como do rei D. Fernando, em 1372.
Em 1476, o rei D. Afonso V doou o senhorio de Pereira (e outras terras) a D. Álvaro, filho de D. Fernando Duque de Bragança, mas em 1496 a Vila passou de novo à posse da Coroa devido à confiscação dos bens do Duque por este ter conspirado contra o rei.
O rei D. João II deixou Pereira e o seu reguengo em testamento ao filho D. Jorge, criando a Casa de Aveiro; assim ficou até 1759, altura em que esta Casa foi extinta devido à conspiração levada a cabo contra o rei D. José I.
Em 1513, Pereira recebeu foral novo dado pelo rei D. Manuel I. No final do século XVI a povoação e região assistem a um surto de desenvolvimento devido à introdução da cultura do milho, que tornou o vale do Mondego no celeiro de todo o litoral centro.
Os séculos XVII e XVIII continuam a marcar épocas de apogeu como pode ser atestado pelo surto de construções civis e religiosas. O Colégio das Ursulinas, fundado em 1748 por D. Catarina Barreto e suas filhas D. Luísa e D. Maria, é o responsável por uma tradição na doçaria que ainda hoje se mantém: as queijadas, as barrigas de freira e os papos de anjo.
Em 1831 havia apenas uma freguesia no concelho de Pereira, que contava 457 fogos e 1350 habitantes; o concelho foi extinto em 1836, tendo-se iniciado um período de estagnação e decadência.
Em 1842 pertencia ao concelho de Santo Varão, até que este foi extinto em 1853, altura em que passou para o concelho de Montemor-o-Velho. Pela Lei 79/91 de 16 de Agosto, foi Pereira elevada à categoria de Vila, a que se poderá juntar o epíteto de "vila-museu" tal é a variedade e importância do seu património histórico, cultural e paisagístico.
No início do século XIX, o Algarve foi atingido por um dos muitos surtos de peste que ciclicamente fustigavam a Europa.
Numa dessas ocasiões, a população farense, aterrorizada, pediu a São Tomás de Aquino (um dos santos padroeiros da cidade), que protegesse a capital algarvia da doença.
Rezaram-se missas e fizeram-se preces ao santo, que parece ter escutado a população devota, pois a peste não entrou em Faro.
Em retribuição pelo milagre, o Bispo do Algarve, Dom Francisco Gomes do Avelar encomendou uma imagem de mármore branco, vinda diretamente de Itália, para ser colocada no nicho do Arco da Vila.
Quando chegou o momento de colocar a imagem no respetivo nicho, os operários depararam-se com um problema.
A estátua do Santo era muito pesada, ou talvez a técnica utilizada para a içar não fosse a mais adequada, o certo é que após seis tentativas, os homens decidiram chamar o Bispo.
Conta a lenda, que Dom Francisco Gomes terá então segredado umas palavras ao ouvido da imagem de São Tomás de Aquino, ordenando em seguida que esta fosse içada de novo para o nicho, o que, para grande espanto de todos, já não levantou qualquer dificuldade.
Desde então, ficou na memória do povo, não só o milagre de São Tomás de Aquino, mas também a lenda do milagre do Bispo Dom Francisco Gomes de Avelar.
Jogo de pastores, implantado em todo o distrito (Bragança) é praticado assiduamente em todas as aldeias.
Participantes:
Joga-se em equipas de dois ou individualmente.
Disposição inicial:
Necessita de uma pista em terra batida de 20/25 metros de comprimento por 2 metros de largura.
Nos extremos da pista, depois de traçados dois riscos no chão em forma de cruz, colocam-se dois xinos (em pedra com 8 cm de altura), um em cada extremidade, e outro xino no centro.
Material:
Cada jogador tem um fito ou fita (pedra de granito redonda, rectangular ou quadrada, com uma espessura de 2 a 2,5 cm e com um peso variável entre 500 a 1000 gramas).
Desenvolvimento:
Quando jogado em equipa, os lançamentos são alternados.
Sempre que o fito de um jogador fique mais próxima do xino este ganha a mão e é o primeiro a lançar em seguida. Sempre que ganha a mão o jogador ou equipa faz 2 tentos. Quando derruba o xino e ganha a mão, faz seis tentos. Se só derrubar o xino e não ganhar a mão faz quatro.
Os tentos contam-se de baixo e de cima, isto é, os primeiros 15 ou 20 tentos são de baixo, os seguintes são designados de cima.
Há localidades em que o jogo termina aos 30 tentos, isto é, 15 de baixo e 15 de cima. Outros há em que termina aos 40 ( 20 de baixo e 20 de cima).
Joga-se a vinho e vence a equipa que ganhar 2 jogos seguidos ou ganhar o terceiro em caso de empate.