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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

20.12.21

««Tradições de Natal - Bacalhau

Miluem

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Não se pode especificar a origem do consumo do bacalhau na consoada dado que são poucas as referências em obras etnográficas ou mesmo na literatura, no entanto, o fiel amigo tem vindo a fazer parte da magia natalícia pela nossa história fora.

Na Idade Média, dado o calendário cristão obrigar a cumprir-se o jejum perto das principais de festividades religiosas e igualmente por ser proibido o consumo de carne neste período, os portugueses começaram a consumir o peixe e, mais tarde, o bacalhau seco, que era de fácil acesso em qualquer parte do país, tornando-se no rei do Natal.

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Ramalho Ortigão descreve no seu livro “Natal Minhoto” a riqueza de uma mesa de ceia de Natal no Norte do país apesar de, nesta altura, a sua confeção ser mais próxima ao “Bacalhau à Provençal” que também é descrito por Lucas Rigaud, cozinheiro real, em 1780.

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Existem, a partir daí, várias referências a este prato, que passam pelo bacalhau acompanhado por hortaliças descrito por Ferra Júnior; à “A Noite de Natal no Porto” de Assis de Carvalho que revela a proximidade da família nesta altura do ano na companhia do peixe; assim como em 1923, Santos Graça em “O Poveiro”.

Esta tradição ter-se-á iniciado a Norte do país dado que em outras regiões preferiam uma consoada menos magra com o uso de carnes como o peru ou mesmo o porco, que interrompiam o jejum após a Missa do Galo.

No início do século XX, a tradição no Alentejo era o porco, no Funchal o porco, uma canja e cálice de vinho na madrugada na consoada, a Norte a acompanhar o bacalhau, um polvo.

 

Créditos:

Fonte: https://historiabacalhau.pt/receita/bacalhau-da-consoada

Fotos: 

https://ncultura.pt/4-fantasticas-receitas-de-bacalhau-com-natal/

http://www.visitmaia.pt/comer/receitas/geo_artigo/bacalhau-com-todos

https://historiabacalhau.pt/node/26

20.12.21

A fada mouca | Contos Populares Alentejanos

Miluem

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A fada mouca

 

Era uma vez uma velhinha muito mouca, mais mouca que a minha avó!

Esta velhinha foi um dia ao campo buscar um feixe de lenha e encontrou um rapazito com um cesto no braço, mas como era muito curiosa perguntou-lhe:

“Donde vindes, rapazinho?”

“Venho de Inglaterra.”

“Debaixo da terra?! Oh! louvado seja Deus! E o que trazeis nessa cestinha?”

“Um presunto.”

“Um defunto! Oh! louvado seja Deus! E o que trazeis na vossa mão?”

“Uma cana verde.”

“Uma canela dele! Oh! louvado seja Deus!”

O rapaz pôs-se a rir dos disparates que dizia a mouca, pelo que ela ficou muito zangada e lhe disse:

“Visto que te ris de mim, eu te fado para que em toda a tua vida não possas dizer senão:

Cócórócó que estou nos ovos!”

E assim sucedeu!

Até que o rapaz, desgostoso de não poder dizer mais palavra nenhuma, se matou!

E seja Deus louvado,

Está meu conto acabado.

 

Créditos:

Fonte:

Colecção Estudos e documentos 10
António Thomaz Pires
Contos populares alentejanos recolhidos da tradição oral, Coletânea, edição crítica e introdução de Mário F. Lages2.a edição aumentadaLisboa CEPCEP 2004, Universidade Católica portuguesa

Foto: Dreamstime