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Lenda da Noite
de São Silvestre
Esta lenda assegura que há muitos, muitos anos existia no oceano Atlântico uma ilha fabulosa, a Atlântida, e nela vivia a civilização mais maravilhosa de sempre.
Os seus habitantes, que Platão dizia descenderem dos amores do deus Poseidon com a mortal Clito, tornaram-se tão arrogantes que tiveram um dia a pretensão de conquistar todo o mundo, ousando mesmo o seu rei desafiar os céus.
Foi então que ouviu a voz do Deus verdadeiro dizer-lhe que nada poderia contra o poder divino.
Mas o teimoso rei voltou a desafiá-lo e decidiu conquistar Atenas, mas, durante a batalha o rei da Atlântida ouviu a voz de Deus dizer-lhe que a vitória seria de Atenas para castigar a sua arrogância e ingratidão.
À derrota seguiram-se terríveis tempestades, terramotos e inundações que engoliram a bela Atlântida para todo o sempre.
Passaram-se muitas centenas de anos até que um dia a Virgem Maria se debruçava dos céus sobre o oceano, sentada numa nuvem quando São Silvestre lhe veio falar.
Aquela era a última noite do ano e São Silvestre achava que deveria significar algo de diferente para os homens, ou seja, marcar uma fronteira entre o passado e o futuro, dando-lhes a possibilidade de se arrependerem dos seus erros e de terem esperança numa vida melhor.
Nossa Senhora achou muito boa ideia e então confiou-lhe qual a razão porque estava a observar o mar com uma certa tristeza: lembrava-se da bela Atlântida que tinha sido afundada por Deus por causa dos erros e pecados dos seus habitantes.
Enquanto falava, Nossa Senhora deixava cair lágrimas de tristeza e misericórdia porque a humanidade, apesar do castigo, não se tinha emendado.
Emocionado, São Silvestre reparou que não eram apenas lágrimas que caíam dos olhos da Senhora, eram também pérolas autênticas que caiam dos Seus olhos.
Foi então que uma dessas lágrimas foi cair no local onde a extraordinária Atlântida tinha existido, nascendo a ilha da Madeira que ficou conhecida como a Pérola do Atlântico.
Dizem os antigos que durante muito tempo, na noite de S. Silvestre quando batiam as doze badaladas surgia nos céus uma visão de luz e cores fantásticas que deixava nos ares um perfume estonteante.
Com o passar dos anos essa visão desapareceu, mas o povo manteve-a nas famosas festas de fim de ano com um maravilhoso fogo de artifício a celebrar a Noite de S. Silvestre.
Créditos:
Fonte:
https://www.lapismagico.com/lendas/lenda-noite-sao-silvestre/
Foto: https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-sao-silvestre/amp/
Lá bem no alto do décimo segundo andar do ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas buzinas
Todos os tambores
Todos os reco-recos tocarem:
– Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada – outra vez criança
E em torno dela indagará o povo:
– Como é o teu nome, meninazinha dos olhos verdes?
E ela lhes dirá
( É preciso dizer-lhes tudo de novo )
Ela lhes dirá bem alto, para que não se esqueçam:
– O meu nome é ES – PE – RAN – ÇA …
Mário Quintana
Créditos:
Fonte: https://factivel.wordpress.com/poesia/mario-quintana-ano-novo/
Foto:
https://homoliteratus.com/5-extraordinarios-poemas-de-mario-quintana/
Jogo do rico rico chaco
Uma criança sentada e outra de joelhos com a cara escondida no colo da primeira.
A que está sentada, batendo com a mão nas costas da outra, diz:
Rico rico, rico chaco
Quantos dedos estão no ar
Se disseres dois ou três
Não perdias nem ganhavas
Rico rico, rico chaco
Quantos dedos estão no ar?
A criança que tem a cara escondida no colo tem de adivinhar quantos dedos a outra pôs no ar.
Quando adivinhar, trocam de posição.
Jogava-se na escola.
Créditos:
Fonte:
https://www.freguesiademirandadocorvo.pt/lendas-e-tradicoes
Foto: https://www.allaboutportugal.pt/pt/miranda-do-corvo/jardins/parque-infantil-da-rua-25-de-abril-2
Meia-noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.
Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta).
Ferreira Gullar
Créditos:
Fonte: http://artecult.com/tres-poemas-sobre-o-ano-novo/
Foto: https://www.revistabula.com/12068-os-10-melhores-poemas-de-ferreira-gullar/
Esquema do cachecol em português.
Esquema:
https://www.ravelry.com/patterns/library/pfeilraupe
Fotos:
https://www.ravelry.com/patterns/library/pfeilraupe
https://alpis-farbenrausch.blogspot.com/2015/08/pfeilraupe.html?m=1
São Bentinho
São Bentinho era de muitos milagres! Ia muita gente a São Bentinho, ali em Barcelinhos. Ia tudo. À meia-noite já estava tudo aqui alerta, tudo a chamar pelas portas para vir para São Bento. Nós, todas contentes, lá íamos passear. Eu ia sempre com uma minha tia, que ela tinha sempre lá uma promessa para fazer. Enquanto ela fosse viva, ela tinha que ir sempre a São Bentinho. Ia muita gente nova. Ui, Jesus! Da meia-noite… O que elas queriam era borga, por ali fora, sempre a cantar.
E então… Foi uma mulher conhecida daqui, que era a Caravelha, a Hermínia Caravelha. Era uma senhora que morava lá para a beira do cemitério. E então levava o seu farnelinho para comer; uns bolinhos! Mas pelo caminho era uma noite fechada, era escuro como um prego! Era escuro como um prego, que não tinha luzes! Nós íamos sempre pela estrada fora, mas não se via nada. Não se via nada! Numa certa altura, ela deu um tropeção e caiu. Lá foi a cesta com os bolinhos, lá foi tudo! Apanhou para dentro do tacho os bolinhos. Ela lá vinha, apalpava com a mão e pronto, apanhou assim. Ela assim:
- O tacho já está mais cheio do que o que estava!... Está mais cheio do que o que estava.
Bem, tapou. Deitou na cesta, pronto – fomos para São Bentinho. Para São Bentinho era muito escuro, muito escuro pelo caminho. Nós vínhamos umas aqui, outras ali, outras acolá, mas quando chegava na Portela, tudo se ajuntava, que tinha medo! Na Portela matavam gente e roubavam e tudo; faziam da gente o que queriam.
E então chegámos a São Bentinho. Chegámos a São Bentinho, ainda estava a porta fechada, porque nós íamos sempre muito cedo. Cinco horas, nós chegávamos sempre por volta das cinco horas. Cinco horas ainda estava a capela fechada. Estávamos ali encostadas à capela a dormir, todas por ali assentadas.
Vinha o homem, abria a porta, tudo ia fazer as suas coisas; ia fazer as suas romarias. Ia fazer as suas romarias. Quando foi hora de comer, a Hermínia... Tudo puxa por um bocado do que levou. Lá puxou pela cesta… Ela abre o tacho, diz ela assim:
- Que é isto? Ai, o que é isto?
Desculpem todos, mas eram cagalhotos de burro que ela tinha dentro do tacho! Ela apanhou, não viu de noite! Não viu, deitou para o tacho! Ela até dizia:
- O tacho já está mais cheio do que o que estava!
Mas porque aquilo era maior, as coisas eram maiores do que os bolinhos que ela tinha… Pronto, foi ao ar.
nome: Olívia Níbra, ano nascimento: 1937
freguesia: Esposende, concelho: Esposende, distrito: Braga
data de recolha: Outubro 2010
Créditos:
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