Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

06.11.21

Tradições * Dia de São Martinho * Bacalhau de São Martinho

Miluem

bacalhau.jpeg

Bacalhau de São Martinho

 

Ingredientes:

Bacalhau seco pequeno/médio

Semilhas (batatas) médias a grandes

 

Para o molho (depende da quantidade de bacalhau):

7 a 8 colheres de sopa de azeite

4 dentes de alho esmagado

Louro (q.b)

Malaguetas (q.b)

Salsa picada (q.b)

Oregãos (q.b)

1 colher de chá de pimentão-doce em pó (colorau)

Sumo de 1/2 limão

Um "cheirinho" de vinho Madeira (opcional)

 

Preparação:

Demolhar o bacalhau durante uns 2 dias, mudando a água várias vezes, de modo a retirar o excesso de sal.

Deixar cozer as semilhas com casca temperadas com sal, alho e orégãos.

Antes de assar, pendurar o bacalhau para retirar o excesso de água, para não pegar na grelha na altura de assar.

Preparar o molho, juntando os ingredientes todos, picando o louro, e as malaguetas grosseiramente.

Pincelar muito bem o bacalhau de ambos os lados com o molho e estender inteiro na grelha a assar.

 

 

Créditos:

Fonte e Foto: http://www.somosmadeira.com/2015/11/bacalhau-de-sao-martinho.html

 

04.11.21

Fafe @ Lendas de Portugal - Lenda da Justiça de Fafe

Miluem

9837432_lYHAM.jpeg

Lenda da Justiça de Fafe

 

A lenda da Justiça de Fafe é uma apologia da justiça popular. Um dos maiores símbolos referenciais de Fafe, é vista como o espírito e o verdadeiro ex-libris desta localidade, e foi celebrada por um monumento na cidade.

 

 

A versão mais difundida desde o início do século XIX foi objecto de um longo poema de Inocêncio Carneiro de Sá, o Barão de Espalha Brasas. Narra um episódio, registado no século XVIII e protagonizado pelo Visconde de Moreira de Rei, político influente no concelho e homem de bem mas não de levar afrontos para casa.

Deputado às Cortes, terá chegado atrasado a uma sessão daquele órgão monárquico, no que terá sido censurado grosseiramente por um marquês, também deputado, que chegou ao desplante de lhe chamar "cão tinhoso". O visconde fingiu não ouvir o impropério e mostrou-se tranquilo durante a sessão mas, finda aquela, interpelou o marquês petulante, repreendendo-o pelas palavras descorteses que lhe havia dirigido. Em vez de lhe pedir desculpa, este arremessou-lhe provocadoramente as luvas no rosto, convocando-o para um duelo.

Ao ofendido competia escolher as armas, e quando todos pensavam que iria preferir espadas ou pistolas, como era usual na altura, o visconde apresentou-se para o recontro munido de dois resistentes varapaus. O marquês não sabia manejar esta arma grosseira mas o visconde, perito na arte do jogo do pau, tradicional nesta região, espancou o seu opositor. À gargalhada perante o acontecimento, os populares que presenciavam não se contiveram e gritaram: "Viva a Justiça de Fafe!".

 

 

Outra versão narra as consequências de um pedido de casamento por parte dum lisboeta. Mas quando o noivo se recusou a casar, o pai da rapariga perseguiu-o e aplicou-lhe a Justiça de Fafe.

 

 

O Monumento à Justiça de Fafe, evocativo desta tradição e da autoria de Eduardo Tavares, foi inaugurado em 23 de Agosto de 1981 na rua João XXIII desta cidade. Consiste em um estátua com a particularidade de representar um homem a bater noutro com um pau e foi colocada nas traseiras do tribunal de Fafe, insinuando que quando a justiça oficial não funciona, a mão popular apresenta-se.

 

Créditos:

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre - https://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda_da_Justi%C3%A7a_de_Fafe

Foto: http://www.jf-fafe.pt/curiosidades/

02.11.21

@ Lendas de Portugal - Lenda dos Corvos de S. Vicente

Miluem

Lisboa - pintura com a  chegada ao Tejo de uma nau com o corpo do mártir São Vicente.jpg

Lenda dos Corvos de S. Vicente

 

No tempo da ocupação da Península Ibérica pelos mouros, estes ordenaram que todas as igrejas fossem convertidas em mesquitas muçulmanas.

 

Os cristãos de Valência quiseram pôr a salvo o corpo do mártir S. Vicente, que estava guardado numa igreja, levando-o para tal por mar para as Astúrias, então a única região cristã da península.

 

Como as águas estavam turbulentas, foram forçados a aproximar-se da costa. Por essa altura, perguntaram ao mestre da embarcação que terra tão bonita era aquela, ao que ele respondeu que era o Algarve. Pouco depois o barco encalhou e forçou-os a passar a noite naquele lugar.

 

Na manhã seguinte, quando se preparavam para retomar viagem, avistaram um navio pirata. O mestre da embarcação propôs-lhes afastar-se com o navio para evitar a abordagem dos corsários, enquanto os cristãos se escondiam na praia com a sua relíquia. Depois viria buscá-los.

 

O barco, no entanto, nunca mais voltou e os cristãos ficaram naquele lugar. Ali construíram um templo em memória de S. Vicente e formaram uma pequena aldeia à sua volta. Entretanto, D. Afonso Henriques entrou em guerra com os mouros do Algarve, e estes, por vingança, arrasaram a aldeia dos cristãos de S. Vicente e levaram-nos cativos.

 

Passados muitos anos, D. Afonso Henriques foi avisado de que existiam vários cristãos entre os prisioneiros feitos numa batalha contra os Mouros. Chamados à presença do rei, um deles, já muito velho, contou-lhe a sua história e confidenciou-lhe que tinham enterrado o corpo de S. Vicente num local secreto. Pedia ao rei que resgatasse o corpo do mártir para um local seguro.

 

D. Afonso Henriques resolveu viajar com o cristão a caminho de S. Vicente, mas este morreu durante a viagem. Sem saber o local exato onde estava o santo, D. Afonso Henriques aproximou-se das ruínas do antigo templo. Avistou então um bando de corvos que sobrevoavam um certo lugar. Os seus homens aí escavaram e encontraram o sepulcro de S. Vicente, escondido na rocha.

 

Trouxeram o corpo de S. Vicente de barco para Lisboa e durante toda a viagem foram acompanhados por dois corvos, cuja imagem ainda hoje figura nas armas de Lisboa em testemunho desta história extraordinária.

 

Créditos:

Fonte: https://www.infopedia.pt/$lenda-dos-corvos-de-s.-vicente

Foto: http://licoespraticas.blogspot.com/2017/10/lenda-dos-corvos-de-s-vicente.html

01.11.21

Assadura, Melgaço @ Lendas de Portugal - Lenda da Senhora da Ourada

Miluem

1-Igreja-de-Nossa-Senhora-da-Orada-2-710x375.jpg

Lenda da Senhora da Ourada

 

Corria o ano da Graça de Nosso Senhor de 1569, e pelas terras do Vale do Minho espalhava-se a peste. Em todas as freguesias as pessoas estavam apavoradas com o terrível flagelo. Ricos e pobres eram atacados por um grande febrão, e ninguém parecia escapar a esta desgraça. Cheios de pavor e de fé, todos se voltavam para os santos, pois só a eles parecia restar o poder para debelar tão grande infortúnio.

 

Por essa altura, morava no lugar da Assadura, junto da Senhora da Orada, Tomé Anes, mais conhecido como o “Vira-Pipas”, pois andava sempre com uma malguinha a mais. Tomé Anes era uma figura alegre, mas um pouco desbocada, quando importunado com a alcunha. Para além de umas pequenas leiras que amanhava, Tomé limpava e arrumava a capela da Senhora da Orada, trabalho que fazia com muito desvelo e devoção.

 

Numa certa manhã, como de costume, Tomé foi arranjar a capela. Como era ainda cedo, só tinha tomado o seu «mata-bicho», lá em casa, e uma pequena malga de vinho na tasca da Mirandolina. Chegado à capela, o “Vira-Pipas” quase morreu de susto, pois a imagem da Senhora da Orada não estava no seu lugar, nem em qualquer outro! Vezes acontecia que chegava a ver duas ou três imagens da Senhora, quando a borracheira passava do normal. Não ver nenhuma assustava-o seriamente. Cego não estava! Ainda perguntou à imagem do Senhor S. Brás pela ausente, mas como este não respondeu, pensou que teriam sido os Galegos os autores de tão vil afronta. Furioso saiu o “Vira- Pipas” em direção à vila de Melgaço para comunicar o sucedido ao Alcaide, e disposto a juntar o povo para enfrentar tal desfeita.

 

Ia o Tomé nestes propósitos pela via romana, quando o chamaram da casa do Arrocheiro para dar uma ajuda na trasfega do vinho. Este era trabalho a que nunca se negava o Tomé, já que entre o passar dos cabaços do vinho lá ia bebendo uma pequena malga do apreciado líquido. Depois de muito bebido e comido, deixou-se o “Vira-Pipas” levar pelo sono, de modo que já só noite dentro acordou e contou o sucedido para os lados da Orada ao seu amigo. Conhecendo os hábitos do Tomé, este só se riu, não acreditando em tão fantasiosa história. Mas como o Tomé insistia tanto, concordou em confirmar o acontecido com uma visita à igreja. Ao entrarem, verificaram que a imagem da Virgem estava no seu lugar. O único surpreendido era o “Vira-Pipas”!

1_856.jpg

No dia seguinte, muito envergonhado, decidiu o Tomé ir à Senhora da Orada mais cedo do que era costume. Para testar as suas capacidades, num grande esforço, não bebeu a sua malguinha de vinho, nem o imprescindível «mata-bicho»! Chegou até a meter a cabeça debaixo da fonte, para dissipar os possíveis vapores alcoólicos do dia anterior.

 

Na capela verificou que só estava o menino Jesus, sentado, com aquela cara de choro que toda a criança tem quando a mãe não o leva ao colo. Tomé ficou abismado, sem saber o que fazer. Com medo que se rissem dele, não contou a ninguém, preferindo entregar-se ao trabalho, ao ponto dos conhecidos ficarem admirados com tal dedicação. De manhã e à noite ia à capela, e verificou que a senhora da orada voltava à noitinha. Umas vezes levava o menino, outras não. Só o Tomé sabia destas fugas, e pressentiu naquele mistério uma grande responsabilidade. Não lhe passava da ideia o que lhe acontecera, julgando-se destinatário de uma mensagem da Senhora para que abandonasse o consumo do álcool. Por isso, começou a diminuir no vinho, o que a todos surpreendeu!

Orada Severino Costa 1971.jpeg

Exterior junto à Capela da Orada em 1971 com a Senhora da Orada exposta (foto de Severino Costa)

 

Enquanto isto sucedia ao pobre do Tomé, em Riba de Mouro, no concelho de Monção, os habitantes viraram-se para a milagrosa Senhora da orada a fim de se livrarem da mortífera peste, que por aqueles anos assolava toda a região. Para agradar à Senhora, prometeram uma romagem anual à capela.

 

Depois de aparecerem os primeiros casos, surgiu na dita freguesia uma senhora, muito bonita e educada, que dizia saber como tratar aquela doença. Ninguém sabia donde ela viera. Entrava na casa das pessoas doentes, mandava fazer um chá com uma planta que trazia no alforje, e, juntando outras ervas, mandava preparar um banho que ela própria passava no corpo do doente, fosse mulher, criança ou homem. Recomendava às pessoas que se lavassem com ervas de Santa Maria e folhas de sabugueiro, que defumassem as casas com alecrim, e lavassem as roupas amiúde. A bondosa dama não tinha mãos a medir! De manhã até à noite, não parava de atender os doentes. Não comia nem aceitava convite para ficar à noite com eles. Quando trazia um menino, que dizia ser seu filho, este ajudava a descobrir a erva de Santa Maria e os sabugueiros que o povo não sabia onde mais encontrar.

 

Entretanto passaram-se quarenta dias, e a peste abrandou. Poucas pessoas sobreviveram ao flagelo, mas em Riba de Mouro ninguém morreu! A senhora que tinha ajudado a população desapareceu tal como havia surgido. Todos se perguntavam agora sobre a identidade daquela misteriosa senhora. Alguém se lembrou, então, que a roupa, e até a fisionomia, eram iguais à da Senhora da Orada!

 

Nesta certeza, logo partiram em romaria ao seu santuário, agradecendo a proteção. Vendo tal devoção e escutando o sucedido, o Tomé entendeu rapidamente o que lhe tinha sucedido e resolveu contar a todos os desaparecimentos da Senhora naqueles dias anteriores. Agora, todos acreditaram!

 

Os romeiros partiram, espalhando o relato do milagre por todas as freguesias.

390_001.jpg

Créditos:

Fonte: https://www.altominho.pt

Fotos:

https://www.minhodigital.com/news/no-tempo-das-grandes

https://www.cm-melgaco.pt/visitar/o-que-fazer/pontos-de-interesse/igreja-de-nossa-senhora-da-orada/

https://entreominhoeaserra.blogspot.com/2018/12/viagem-capela-da-senhora-da-orada.html

 

 

 

Pág. 6/6