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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

30.09.21

Horta, Faial, Açores @ Lendas de Portugal - Lenda dos Lambuzões

Miluem

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Lenda dos Lambuzões

 

Então há uma história que a minha avó me conta que é a de um homem que tinha uma mulher e que a mulher gostava de ir muitas vezes à missa, à noite.

E calhou um dia o homem ofereceu-lhe uma saia vermelha.

O marido ofereceu-lhe uma saia vermelha e ela ficou toda contente com a sua saia, que podia levar a missa.

Naquela altura era muito.

O que aconteceu foi que ela ao vir da missa encontrou um porco muito grande e o porco começou a ir ter com ela e começou a lhe morder a saia.

Mordeu-lhe a saia de tal maneira que rasgou-lhe a saia.

Ela chegou a casa apavorada, fez o jantar para o marido e quando o marido chegou a casa a noite, ela deu-lhe de jantar.

Quando deu-lhe o jantar ele começou-se a rir da história da saia.

Quando ele se começa a rir, ela repara que no sorriso dele tem fios vermelhos, fios da saia.

E ela começou a desconfiar que ele era efectivamente o lambuzão.

Então, nesse mesmo dia, à noite, ele adormeceu e ela picou-lhe com uma agulha e fez lá uma reza e conta-se que depois ele melhorou.

Esses lambuzões, diziam-se que, essas pessoas, diziam que mesmo que se não se transformassem naquela noite de lua cheia, que se ouviam gritos de animais, mas que eram as pessoas que faziam esses ruídos.

 

Year: 2008 - Place of collection: HORTA, ILHA DO FAIAL (AÇORES)

Collector: André Rosa (M)

Informant: Mónica Dutra (F), 23 y.o., born at HORTA (ILHA DO FAIAL (AÇORES)),

Narrative – When: 20 Century – Belief: Unsure / Uncommitted

 

Fonte: CeAO Centro de Estudos Ataíde Oliveira

lendarium.org

Foto: https://www.portugal-live.net/pt/regioes/acores/horta.html

 

27.09.21

Os galegos | Contos Populares Alentejanos

Miluem

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Os galegos

 

Era duma vez uns poucos de galegos e fizeram uma procissão a S. Nicolau, e quando iam no meio da procissão esqueceram-se do nome do santo. 

 

Começaram uns a dizer: 

 

“Será pescada?

Será atum? 

Será bacalhau?” 

 

“Sim, sim, sim, bacalhau, S. Nicolau. 

 

Vá a procissão adiante que já lembrou o nome do santo.” 

 

(Elvas)

 

 

Fonte:

Coleção Estudos e Documentos 10 - António Thomaz Pires

Contos Populares Alentejanos recolhidos da Tradição Oral

Colectânea, edição crítica e introdução de Mário F. Lages

2ª edição aumentada - Lisboa - CEPCEP 2004

Fotos:

Pinterest

https://luisaalexandra.com

 

 

26.09.21

Valença @ Lendas de Portugal - Lenda das Portas do Sol

Miluem

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Lenda das Portas do Sol

 

Valença foi o nome adotado a partir de 1262 para a terra anteriormente designada como Contrasta, desde o foral de D. Sancho I.

 

Em tempos ainda mais remotos, havia uma bela princesa que havia herdado o nome desta sublime terra – Contrasta.

Era a filha mais velha de um rei muito velhinho que aqui reinava, uma rapariga encantadora, com uma beleza incrível.

A mais cobiçada rapariga nestas paragens.

 

Reza a lenda que, um dia, um cruel príncipe mouro que estava de passagem ficou seduzido pelos seus encantos, perdidamente apaixonado.

Contudo, a sua cobiça, maldade e sede de poder eram muito fortes.

Ao comando de um poderoso exército atacou todos os que aqui viviam causando dor e sofrimento.

Seguiram-se duras batalhas às quais o velhinho rei, pai de Contrasta, não conseguiu vencer.

Incapaz de conter o ímpeto do mouro, escondeu-se nos jardins que rodeavam o seu palácio.

Sobre o velho monarca pairavam pétalas que, ao cair, se transformavam em pedras.

Pedra sobre pedra, formaram-se sobre ele as muralhas, sob as quais ficou sepultado.

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No final das batalhas, o príncipe Mouro bem o procurou sem sucesso.

Queria encontrá-lo para assim reclamar vitória, as suas riquezas e, principalmente, a mão de Contrasta.

 

Incapaz de alcançar os seus intentos e furioso por se ver sem os despojos de guerra, abandonou o território destruindo tudo à sua passagem.

Mas Contrasta, tinha uma irmã mais nova que o cruel príncipe mouro encontrou quando saía da fortaleza.

Ela fitou-o aterrada.

Ele, possuído pela raiva, trespassou-a friamente com a sua espada.

De imediato, reza a lenda que o céu se iluminou com uma luz que a todos cegou por momentos.

Quando esta se esvaneceu, havia desaparecido o corpo da mais nova irmã de Contrasta e, no seu lugar, tinha-se aberto nas muralhas um lindo portal, a que desde aí começaram a chamar “Portas do Sol”.

 

Entretanto, alertada pelos gritos da jovem irmã acorreu Contrasta, a princesa herdeira que pelo mouro manifestou o seu ódio e desprezo.

Este, envergonhado, ao ver surgir à sua frente a velha paixão, não teve coragem de pedir perdão por todo o sofrimento que causara.

Contrasta tinha por ele um absoluto desprezo.

O mouro, tomado pela ira e despeito, pegou nela e prendeu-a numa frondosa árvore onde a martirizou e ali abandonou.

Começaram então a cair da árvore folhas sobre o seu rosto que lhe segredaram:

– “vais ser coroada, tu és um exemplo de valentia e bondade”.

Então, desceu sobre as Portas do Sol uma coroa que lembra como o mal pode ser tão perverso.

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Seguidamente, as forças do céu tomadas em fúria, lançaram o cruel mouro vale abaixo e transformaram-no num rio, que ainda hoje corre, aprisionado em seu leito

– chamam-lhe Minho.

Por vezes, bem tenta sair do seu curso e alcançar as muralhas da Contrasta suplicando o perdão pelo mal causado, mas, fica sempre confinado ao seu leito, repelido pelo poder das Portas do Sol.

 

 

Fonte:

https://senteahistoria.com/2018/04/05/lenda-da-porta-do-sol-valenca/

Fotos:

https://visitvalenca.com

https://cm-valenca.pt

 

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