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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

04.01.21

Janeiras de Vitorino Nemésio

Miluem

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Janeiras

 

 

Ó de casa, alta nobreza 

Mandai-nos abrir a porta,

Ponde a toalha na mesa 

Com caldo quente da horta!

 

Tendi, ferrinhos de prata, 

Ao toque desta sanfona!

Trazemos ovos de pata 

Fresquinhos, prà vossa dona.

 

Senhora dona da casa, 

À ilharga do seu Joaquim,

Vermelha como uma brasa 

E alva com um jasmim!

 

Vimos honrar a Jesus

Numas palhinhas deitado:

O candeio está sem luz 

Numa arribana de gado.

 

Mas uma estrela dianteira 

Arde no céu, que regala! 

A palha ficou trigueira,

Os pastorinhos sem fala.

 

Dá-lhe calorzinho a vaca, 

O carvoeiro uma murra,

A velha o que trás na saca,

Seus olhos mansos a burra.

 

Já as janeiras vieram 

Os reis estão a chegar,

Os anos amadureceram:

Estamos para durar!

 

Já lá vem Dom Melchior

Sentado no seu camelo 

Cantar as loas de cor 

Ao cair do caramelo.

 

Ó incenso, mirra e oiro,

Que cheirais e luzis tanto,

Não valeis aquele tesoiro 

Do nosso Menino santo!

 

Abride a porta ao pregrino, 

Que vem de mum longe à neve,

De ver nascer o Menino 

Nas palhinhas do preseve.

 

Acabou-se esta cantiga,

Vamos agora à chacota:

Já enchemos a barroga

Sigamos nossa derrota!

 

Rico vinho, santa broa 

Calça o fraco, veste os nus!

Voltaremos a Lisboa 

Pró ano, querendo Jesus.

 

 

Publicado em Festa Redonda (1950).

Transcrito de Vitorino Nemésio, Obras Completas, vol I – Poesia, INCM, Lisboa, 1989.

 

Fonte: Viciodapoesia.com

Foto: https://www.guiadacidade.pt

04.01.21

Quadras populares infantis } Dedos 3 versões

Miluem

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Dedos

 

Dedo mindinho,

Seu vizinho

Pai de todos

Fura bolos

Mata piolhos.

 

 

O dedo mindinho quer pão

O vizinho diz que não

O pai diz que dará

Este o furtará

E o polegar: “Alto lá!”

 

 

Pequenino (o dedo mindinho)

Seu vizinho (o anelar)

Pai de todos (o dedo médio)

Fura bolos (o indicador)

E mata piolhos. (o polegar)

 
 

 

03.01.21

Janeiras - Portalegre

Miluem

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Às pessoas que abrem "bem" a porta canta-se assim: 

 

Esta casa é tão alta

É forrada de papelão 

Aos senhores que cá moram

Deus lhe dê a salvação. 

 

E aos que não abrem a porta canta-se uma canção a dizer que os janeireiros estão zangados, porque as pessoas não lhe abrem a porta. É assim: 

 

Esta casa é tão alta 

É forrada de madeira 

Aos senhores que cá moram 

Deus lhe dê uma caganeira. 

 

 

Estes alunos referem-nos também que no fim os janeireiros fazem um petisco: bebem vinho e comem os chouriços assados. 

 

 

Recolha dos alunos da escola EB1

de Monte Carvalho, Portalegre.

 

Fonte: www.pombadapaz.org

Foto: https://www.visitportugal.com

 

 

02.01.21

Quadras Populares Transmontanas - Sei um saco de cantigas

Miluem

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Sei um saco de cantigas,

Ainda mais um guardanapo.

Quem quer vir ao desafio,

Venha, que eu desato o saco

 

Cantigas ao desafio,

Comigo ninguém as cante.

Tenho quem mas ensine;

O meu amor é estudante

 

O meu amor e o teu,

Andam ambos na ribeira.

O meu, anda à erva cidra,

O teu, à erva-cidreira.

 

Não olhes para mim, não olhes,

Que eu não sou o teu amor.

Eu não sou como a figueira,

Que dá fruto sem dar flor.

 

Aqui estou à tua porta.

Como um feixe de lenha!

A espera da resposta,

Que da tua boca me venha.

 

MaIo haja o grão-de-bico,

E mais o feijão guisado.

MaIo hajam esses olhos,

Que tanto são do meu agrado!

 

Tenho na minha janela

Tulipas até ao chão.

Quando te vejo falar com outra,

São facadas que me dão.

 

Não me namora teu ouro,

Nem os brincos das orelhas.

Namoram-me esses teus olhos,

Por baixo das sobrancelhas.

 

Lá te mandei um raminho

De cravos e cravelinas,

Por não te poder mandar

Dos meus olhos as meninas

 

Tenho dentro do meu peito

Um ramo de violetas

O dia que te não vejo,

De roxas, tornam-se pretas.

 

Andorinha que esvoaças,

Tem cuidado no subir.

Quem ao mais alto sobe,

Ao mais baixo vem cair.

 

Uma mãe que o filho embala

As vezes, põe-se a chorar,

Só por não saber a sorte

Que Deus tem para lhe dar.

 

RECOLHA (1985) de Branca do Sacramento Rodrigues, Sambade

Alfândega da Fé.

 

 

Fonte: Cancioneiro Transmontano 2005

Santa Casa da Misericórdia de Bragança

 

Foto: http://afinidadescomunicativas.blogspot.com/2006/03/livro-infantil-lanado-em-barcelos.html

 

02.01.21

««Tradições »» Em janeiro ...

Miluem

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Em janeiro vês o ano inteiro

 

É uma tradição muito antiga observar o tempo que faz nos primeiros dias do ano.

 

Hoje na pesquisa, para usar os termos corretos, vi que há 2 versões. Aqui na minha zona, ouvi sempre a 1a.

Os primeiros 12 dias determinam o tempo, os segundos 12 confirmam o tempo ou indicam tempo incerto.

 

 

"(...) os doze primeiros dias de Janeiro indicam, imitam, arremedam os doze meses do ano que acabou de nascer

(...)

“desarremedas”! Estas seguem fielmente a lógica das suas congéneres e vão de 13 a 24 de Janeiro (...)"

 

 

" (...) Os nossos avós recorriam ao mês de Janeiro para fazer o seu boletim meteorológico.

Diziam eles que; “ em Janeiro vês o tempo do ano inteiro". A fórmula é bastante simples:-

- Aos primeiros doze dias não se liga, dizem eles que são as “arremedas”,

- Entre o 13º e o 24º dias está todo o ano, são as “ desarremedas”.

Bastava por isso associar a cada dia um mês do ano.

Temos assim que ao dia 13 corresponde o mês de Janeiro, ao 14 o mês de Fevereiro, ao 15 o mês de Março,… e ao dia 24 o mês de Dezembro.

Se o dia 13 for chuvoso então Janeiro será chuvoso, de o dia 14 começar com chuva e terminar sem chuva assim será o mês de Fevereiro,…

Em caso de grandes duvidas recorriam às arremedas para confirmar o tempo que irá acontecer. (...)"

 

 

https://lux24.lu/opiniao/arremedas-desarremedas-e-o-borda-dagua/

https://filhodocouco.blogs.sapo.pt/58666.html

https://www.ipma.pt/pt/otempo/obs.remote/index.jsp