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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

14.04.20

Lenda dos Tripeiros @ Lendas de Portugal

Miluem

Foto: https://2.bp.blogspot.com

 

 

Lenda dos Tripeiros

 

No ano de 1415, construíam-se nas margens do Douro as naus e os barcos destinados à conquista de Ceuta. A razão deste empreendimento era secreta e nos estaleiros os boatos eram muitos e variados.

 

Um dia, o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no Porto para ver o andamento dos trabalhos e, embora satisfeito com o esforço despendido, achou que se poderia fazer ainda mais. Então, o Infante confidenciou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construção, as verdadeiras razões do empreendimento. Pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrifícios.

 

Mestre Vaz assegurou ao Infante que iriam fazer o mesmo que tinham feito cerca de trinta anos atrás, aquando da guerra com Castela. Dariam toda a carne da cidade para abastecer os barcos e comeriam apenas as tripas.

 

Comovido, o infante D. Henrique disse-lhe que esse nome de "tripeiros" - alcunha que lhes tinha sido dada há trinta anos - era uma verdadeira honra para o povo do Porto.

 

 

Como referenciar: Lenda dos Tripeiros in Artigos de apoio Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2019. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$lenda-dos-tripeiros

 

 

14.04.20

Vinhais @ Lendas de Portugal - A estrada de Santiago

Miluem

Vinhais_-_Portugal_(26001745868).jpg

 

 A estrada de Santiago

 

Em noites límpidas de estio quente, o povo observa, curioso, a abóbada celeste, procurando nos astros a resolução de alguns fenómenos, os sinais da marcação do tempo e das mudanças da temperatura.

 

Assim, a lua nova, com as pontas para cima e seguindo a direcção de noroeste, é, encharcada, sinal de tempo húmido; envolta em um círculo de nuvens rarefeitas, é certa a chuva; quando nasce a lua cheia de côr amarelo vivo, é prenúncio de ventos e tempestades; seguindo a direcção sudoeste e oeste, é de bom tempo; o «arado» (ursa menor; o povo dá às estrêlas o nome dos objectos usuais que com elas têm configuração) marca as horas de dormir, o sete-estrêlo põe têrmo à «ronda» da noite e ao «fiadeiro».

 

A estrêla da manhã é olhada com muito respeito e veneração. Quando pequeno me levavam às novenas de N. S.a dos Remédios de Tuizelo, na madrugada dos primeiros dias de Setembro, observei frequentes vezes as mulherzinhas a rezar à Virgem ao vê-la, e tenho observado hoje que quando vêem pela primeira vez a lua nova e vêem fugir uma estrêla cadente rezam uma Salvè-Rainha e esta oração:

 

Estrêla brilhante,
qu’ó céu subistes,
e menino achastes;
quem seria, quem não seria,
Filho da Virgem Maria,
cobertinho c’um véu,
levai a minh’alma
d’reitinha p’ró céu
(Salvè-Raínha).

 

A via láctea é a estrada de Sant’Iago, caminho que têm de seguir as almas que, em vida, não visitaram Sant’Iago de Compostela e o túmulo do apóstolo S. Pedro em Roma. E contam:

 

«Um fiel que em vida não fez por desleixo essas visitas, depois da morte foi bater às portas do céu; a noite estava fria, bateu com fôrça, mas as portas não se abriram, O anjo porteiro, cansado das queixas lamurientas, gritou-lhe de dentro:

 

     «vai primeiro a Roma e a Sant’Iago!»

 

A alminha fez a penosa viagem e, quando voltou, deu entrada no paraíso.»

 

Source: MARTINS, Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais. Vol. 1 s/l, Câmara Municipal de Vinhais, 1987 [1928] , p.98-99
Place of collection: VINHAIS, BRAGANÇA
Narrative / When: 20 Century, 90s / Belief: Unsure / Uncommitted

Fonte: CEAO - Centro de Estudos Ataíde Oliveira

 

Foto: Vítor Oliveira - https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Vinhais_(Portugal)