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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

04.04.20

Monte Real e Carvide, Leiria @ Lendas de Portugal - Lenda da Ermida e do Forno da Cal

Miluem

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Foto: http://tomaracidade.blogspot.com/2011/10/antigo-forno-de-cal.html

 

 

Lenda da Ermida e do Forno da Cal



Lenda da Ermida e do Forno da Cal onde foi queimado, por engano, um criado do Rei Dinis.


Segundo reza a lenda, quando o rei D. Dinis com sua esposa a Rainha Santa Isabel viviam em Monte Real, por altura da plantação do Pinhal, tinha alguns amores secretos para os lados de Leiria e, nomeadamente, em Amor.


Andando a Rainha desconfiada com as saídas constantes do seu esposo, mandou que um seu criado seguisse o Rei e seus pagens a fim de saber para onde ele ia.


No caminho que o Rei utilizava entre Monte Real e Amor, havia uma Ermida e, um pouco mais adiante, um forno de cozer a cal.


O Rei, apercebendo-se que vinha a ser seguido pelo criado da rainha, ao passar no forno da cal, deu ordens aos operários para agarrarem e meterem dentro do forno um cavaleiro que vinha um pouco atrás.


Acontece que o criado da rainha, por ser muito religioso, entrou na Ermida e ali assistiu à missa que decorria nesse momento.


Algum tempo depois, o Rei mandou um dos seus criados ao forno a perguntar se as ordens de El-Rei haviam sido cumpridas.

 

Os operários responderam que não mas que seriam, de imediato cumpridas e, sem mais, meteram o criado de Rei no forno que assim foi queimado como sendo o criado da rainha o que foi entendido como um milagre daquela e um sério aviso ao Senhor El-Rei D. Dinis.


Ainda hoje, aos locais onde existiam a ermida se chama “Ermida” e o forno se chama “forno da Cal”.

 

http://ufmonterealcarvide.pt

 

04.04.20

O Sapo - Afonso Lopes Vieira - in 'Animais Nossos Amigos'

Miluem

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O Sapo

 

Não há jardineiro assim,
Não há hortelão melhor
Para uma horta ou jardim,
Para os tratar com amor.

 

É o guarda das flores belas,
da horta mais do pomar;
e enquanto brilham estrelas,
lá anda ele a rondar...

 

Que faz ele? Anda a caçar
os bichos destruidores
que adoecem o pomar
e fazem tristes as flores.

 

Por isso, ficam zangadas
as flores, se se faz mal
a quem as traz tão guardadas
com o seu cuidado leal.

 

E ele guarda as flores belas,
a horta mais o pomar;
brilham no céu as estrelas,
e ele ronda, a trabalhar...

 

E ao pobre sapo, que é cheio
de amor pela terra amiga,
dizem-lhe que é feio
e há quem o mate e persiga 

 

Mas as flores ficam zangadas,
choram, e dizem por fim:
- «Então ele traz-nos guardadas,
e depois pagam-lhe assim?»

 

E vendo, à noite, passar
o sapo cheio de medo,
as flores, para o consolar,
chamam-lhe lindo, em segredo...

 

Afonso Lopes Vieira,

in 'Animais Nossos Amigos' 

 

04.04.20

Saudades não as Quero - Afonso Lopes Vieira

Miluem

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Saudades não as Quero

 

Bateram fui abrir era a saudade
vinha para falar-me a teu respeito
entrou com um sorriso de maldade
depois sentou-se à beira do meu leito
e quis que eu lhe contasse só a metade
das dores que trago dentro do meu peito 

 

Não mandes mais esta saudade
ouve os meus ais por caridade
ou eu então deixo esfriar esta paixão
amor podes mandar se for sincero
saudades isso não pois não as quero 

 

Bateram novamente era o ciúme
e eu mal me apercebi de que batera
trazia o mesmo ódio do costume
e todas as intrigas que lhe deram
e vinha sem um pranto ou um queixume
saber o que as saudades me fizeram 

 

Não mandes mais esta saudade,
ouve os meus ais por caridade,
ou eu então deixo esfriar esta paixão,
amor podes mandar se for sincero,
saudades isso não pois não as quero. 

 

 

Afonso Lopes Vieira

in 'Antologia Poética' 

 

04.04.20

Ponta Delgada @ Lendas de Portugal - Lenda do Sábado de Nossa Senhora

Miluem

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Imagem: Pintrest

 

Lenda do Sábado de Nossa Senhora

 

Nossa Senhora era muito pobrezinha, mas muito asseada e gostava de levar o Menino Jesus sempre limpo ao templo. Jesus, como todos os meninos pobres da sua terra, só tinha uma muda de roupa que usava durante a semana e que também servia para as cerimónias do culto.


Quando chegava ao sábado, a roupa do Menino estava muito suja pois ele brincava na terra, corria pelos campos, trepava paredes com vizinhos e amigos da sua idade. Nossa Senhora, no sábado de manhã, pegava na roupa, ia lavá-la para junto do poço, estendia-a ao sol, para que se enxugasse e pudessem ir ao templo.


Pedia então a Nosso Senhor bom tempo, pois, se não fizesse sol, não podia enxugar as roupinhas. Deus ficava com pena de Nossa Senhora, fazia com que houvesse sol todos os sábados. Mesmo quando o tempo era mais invernoso sempre mandava olharadas de sol.


E assim que na Terceira se acredita que “Não há sábado sem sol, nem domingo sem missa, nem segunda sem preguiça”.


Ainda há cerca de cinquenta anos, também penúria como a de Nossa Senhora era sentida por muitas mães da Terceira que, querendo levar os filhos asseados à missa no domingo, lavavam as roupas no sábado, esperando o sol do sábado de Nossa Senhora, que sempre vinha.

 

Source: FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.152
Place of collection: Angra (Sé), ANGRA DO HEROÍSMO, ILHA TERCEIRA (AÇORES)
Narrative / When: 20 Century, 90s / Belief: Unsure / Uncommitted

Fonte: CEAO - Centro de Estudos Ataíde Oliveira