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As coisas de que eu gosto! e as outras...

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11.02.20

Mafra @ Lendas de Portugal - A Custódia de Mafra

Miluem

https://www.unescoportugal.mne.pt/pt/temas/proteger-o-nosso-patrimonio-e-promover-a-criatividade/patrimonio-mundial-em-portugal/real-edificio-de-mafra-palacio-basilica-convento-jardim-do-cerco-tapada

 

 

A Custódia de Mafra

 

É lenda ainda não desfeita de que os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, últimos habitantes do Convento, ao retirarem meteram a Custódia e mais pratas de uso eclesiástico numa parede dos subterrâneos e ali as deixaram entaipadas.

A lenda frutificou e várias pesquisas se fizeram em busca das preciosas alfaias fradescas.

Numa dessas aventuras figurou um oficial do exército que veio a Mafra com autorização especial para fazer a pesquisa numa parede indicada na plantade que vinha munido.

Foi improfícuo o seu trabalho. O que tem sido essa lenda parece-nos que a consideramos desvendada há dezenas de anos.

Os Cónegos Regrantes estiveram em Mafra 21 anos e durante esse tempo ordenaram obras importantes no Convento.

Em 1791 conseguiram voltar para Lisboa com autorização do governo da Rainha D. Maria I e, mais uma vez os franciscanos em número de 200 vieram habitar o Convento até 1807 em que retiraram a fugir das tropas de Junot que vieram ocupar aquela casa conventual.

Voltaram a alojar-se por fim os Cónegos Regrantes que nele se conservavam até à extinção das Ordens Religiosas.

Saídos do Convento os Cónegos Regrantes tiveram vário destino. Alguns ficaram em Mafra: D. João da Soledade Morais, Prior da Azueira; Padre Mariano António Duarte, Prior de Mafra; Cónego Morais Cardoso, encarregado da Livraria, conhecido pelo cónego da livraria, e que foi um dos organizadores do Hospital Civil de Mafra, etc.

Vejamos agora o que foi feito das pratas do Convento de Mafra. O Prior da Azueira, D. João da Soledade Morais, contava o seguinte nos serões das pessoas de qualidade em casa de quem lhe aprazia ir passar as noites:

- Quando da nossa primeira retirada do Convento de Mafra, o Guardião deu a Custódia e mais pratas a um homem da sua confiança para as guardar até que nós, os Cónegos Regrantes voltássemos para o Convento.

Se não voltássemos ele que ficasse com elas. Assim sucedeu.

O amigo do Guardião, fornecedor do carvão do Convento, com as pratas construiu um dos melhores prédios do Gradil e passou a viver como pessoa abastada.

E aqui está a história, que reputamos verdadeira, do destino da Custódia de Mafra.

 

(Dr. Carlos Galrão, Lendas de Mafra, in Boletim da Junta de Província da Estremadura, s. 2, n. 17, Jan.-Abr. 1948, p. 79-80).

 

Source:  CAETANO, Amélia "Lendário Mafrense" in Boletim Cultural '93 Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1994 , p.260-261
Place of collection:  Mafra, MAFRA, LISBOA
Collector: Carlos Galrão (M) /  Narrative / When: 19 Century, / Belief: Unsure / Uncommitted.

Centro de Estudos Ataíde Oliveira

 

 

Custódia da Bemposta

Peça do Museu Nacional de Arte Antiga, datada entre 1740 e 1750.

Atribuída a João Frederico Ludovice, ourives-arquiteto de D. João V, e autor do risco do convento de Mafra.