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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

22.12.19

Caretos de Ousilhão @ Natal • Lendas • Contos & Tradições

Miluem

Foto: https://www.diariodetrasosmontes.com/noticia/inverno-magico-em-tras-os-montes-e-os-caretos-de-ousilhao

 

Caretos de Ousilhão

 

Em Ousilhão, concelho de Vinhais, no Nordeste transmontano, encontramos a Festa de Santo Estevão, que inclui os Caretos de Ousilhão, mais uma tradicional festa dos rapazes, que tal como sucede noutras aldeias transmontanas, é também dedicada a Santo Estevão, e dá-se nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro.

 

Como sucede em geral nas festas de inverno transmontanas, a festa conta com a presença dos Caretos, que animam com as suas tropelias, travessuras e o achocalhar, andando pela aldeia a gerar o caos entre a população após as missas e fazendo das suas tradicionais rondas em busca de oferendas de enchidos.

Foto: Pintrest

 

Os Caretos mantém assim o seu papel de figura diabólica que liberta todas as energias contidas e anuncia um novo ano.

 

No entanto, em Ousilhão, a tradição dos Caretos, herdada provavelmente do ancestral paganismo autóctone, funde-se também com elementos que avivam a comparação com as Saturnais romanas.

 

Os mordomos da festa de Ousilhão têm uma configuração particular, visto que são constituídos por um “rei”, dois “vassalos” e quatro “moços”.

 

Foto: https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-portugal/artigos/o-chocalhar-de-tras-os-montes-do-natal-ao-carnaval

 

Os moços são os mordomos propriamente ditos, mas o rei e os vassalos tem uma função altamente simbólica, sendo o rei um jovem que o desejou ser anteriormente ou alguém que deseja pagar uma promessa.


No dia 25, realizam-se as habituais acções caóticas e dançantes dos Caretos, mas as suas rondas pelas casas ganham uma ordem simbólica em relação aos quatros moços, que os passam a acompanhar.

 

Os habitantes da aldeia preparam as suas casas com uma mesa bem recheada de comida e de bebida, e em primeiro lugar aparecem os moços, acompanhados de um gaiteiro e um tamborileiro, representam os “bons visitantes”, e dançam em volta da mesa, sendo-lhes oferecido um valor monetário simbólico ou um fumeiro, em honra de Santo Estevão.

 

Foto: https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-portugal/artigos/o-chocalhar-de-tras-os-montes-do-natal-ao-carnaval

 

 

Após os moços, é que aparecem os “maus visitantes”, os Caretos, representativos do caos e da desordem, que é exactamente o que provocam nas casas, atirando-se para o chão, roubando comida e pequenos objectos e comportando-se obscenamente.

 

No dia 26 de Dezembro, acentua-se o valor simbólico do rei e dos vassalos.

 

Antes da missa dedicada a Santo Estevão, monta-se uma mesa comunitária no largo ao pé da igreja, ao ar livre, onde se colocam quantidades abundantes de comida e vinho.

 

Gera-se de seguida um cortejo, que vai desde a casa do rei até à Igreja.

 

Foto: https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-portugal/artigos/o-chocalhar-de-tras-os-montes-do-natal-ao-carnaval

 

O cortejo é liderado pelo gaiteiro e restantes músicos, que são seguidos pelos quatro moços a tocar castanholas, e por último o rei e os seus vassalos.

 

A comunidade da aldeia acompanha o cortejo, e os Caretos marcam também a sua presença em redor desta procissão, criando um incrível contraste com a ordem do cortejo devido ao seu comportamento errático.

 

O cortejo ganha assim uma diversidade enorme de figuras, que contrastam umas com as outras e que são animadas pela música tradicional, gerando-se uma autêntica atmosfera pagã de adoração à ordem, ao caos e à renovação.

 

Segue-se a missa, na qual o rei e os vassalos se apresentam de pé na abside da Igreja, como se fossem de facto membros da realeza.

 

Apresentam-se adornados com insígnias e uma caracterização específica composta de coroas, ceptro e varas, em tons de verde, dourado e branco, e diferenciados em tamanho no rei e nos vassalos.

 

Após a missa vai-se para a mesa comunitária, na qual o pároco despe as suas vestes, mas vem oficiar para junto dos populares, do rei, vassalos e moços.

 

Foto: https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-portugal/artigos/o-chocalhar-de-tras-os-montes-do-natal-ao-carnaval

 

Parece gerar-se uma nova cerimónia, mas ao ar livre, onde a religião cristã e o paganismo se fundem.

 

Escolhem-se o rei e vassalos do ano seguinte, reina a alegria, os comes e bebes.

 

Os Caretos, que se tinham retirado durante a missa, voltam novamente para relembrar que tudo tem um lado caótico.

 

Para finalizar, um novo cortejo realiza-se, mas desta vez até à casa do novo rei, e à noite há bailarico.

 

Completou-se o rito de renovação da aldeia, cumpriu-se a tradição de Santo Estevão de Ousilhão.

 

 

https://www.portugalnummapa.com/caretos-de-ousilhao/

19.12.19

A Lenda dos Reis Magos @ Natal • Lendas • Contos & Tradições

Miluem

Wikipédia:  

  Bartolomé Esteban Murillo - Adoration of the Magi

 

A Lenda dos Reis Magos


Conta uma lenda muita antiga que os três Reis Magos - Baltazar, Gaspar e Belchior - quando seguiam a estrela que indicava a Gruta, encontraram um pastor que acendia uma fogueira. Ao vê-lo os reis pararam, cuidando que o pastor estava ali, apenas para se aquecer.

Baltazar foi o primeiro a falar, perguntando-lhe:

- Que fazes aqui, pastor?

- Acendo e tomo conta das fogueiras que servem para iluminar o caminho para os que vão visitar o Deus Menino.
- É pena que não nos possas acompanhar-nos - disse Gaspar.

- Temos que seguir viagem, o caminho é longo – disse, por fim, Belchior, enquanto montava de novo o seu camelo.
- Adeus, pastorzinho! Até breve! - Disseram os três Reis Magos, pondo-se, de novo, em marcha, a caminho de Belém.

- Adeus! Adeus! - Respondeu o pastor, acenando com a mão tristonho.

De repente, o pastorzinho teve uma ideia: colocava muita lenha nas fogueiras a fim de estas se manterem toda a noite acesas. Depois, se corresse muito, ainda havia de apanhar os Reis Magos e acompanhá-los até à gruta de Belém.

Se bem o pensou, melhor o fez e, quando chegou ao estábulo, ficou feliz por ver o Menino Jesus, mas ao mesmo tempo, triste, por ver os Reis Magos oferecerem ouro, incenso e mirra e ele sem ter nada para oferecer.

- Que posso oferecer ao Menino se não tenho presentes assim tão preciosos? 

Porém, ao voltar o rosto, cheio de lágrimas, viu, ao seu lado, uma flor branca. Correu para ela, mas ao colhê-la ficou de novo triste. Como arranjar coragem para oferecer um presente tão simples?!

De longe, Nossa Senhora viu-o e chamou-o:

- Vem, meu filho, estamos à espera do teu precioso presente.

E, perante os olhos comovidos de Maria, de José e dos Reis Magos, o pequeno pastor entregou, feliz, a flor ao Deus Menino.

É essa a razão por que a margarida, no meio das suas pétalas brancas, tem uma coroa de ouro.

 

margarida.jpg

 

Lenda: https://picodavigia2.blogs.sapo.pt

Foto: http://infinitoparticulardalva.blogspot.com

18.12.19

A Lenda da Vela de Natal @ Natal • Lendas • Contos & Tradições

Miluem

Foto: Gratuita Pixabay

A Lenda da Vela de Natal

 

Uma lenda austríaca verídica da época natalícia.

A Lenda da Vela de Natal, perdura até aos dias de hoje, com a tradição de acender uma vela na noite de Natal.

Era uma vez um sapateiro pobre que vivia numa cabana, junto à encruzilhada de um caminho, perto de uma humilde aldeia.

Como gostava de ajudar os viajantes que passavam junto à sua casa durante a noite, o sapateiro deixava uma vela acesa todas as noites na janela da casa para lhes iluminar o caminho.

Certa altura, deu-se uma grande guerra que fez com que todos os jovens partissem, deixando a aldeia ainda mais pobre e triste.

Ao verem a persistência daquele pobre sapateiro, que continuava a viver a sua vida cheio de esperança e bondade, as pessoas da aldeia decidiram imitá-lo e, na noite de véspera de Natal, todos acenderam uma vela nas suas casas, iluminando assim toda a aldeia.

À meia-noite, os sinos da igreja começaram a tocar, anunciando a boa notícia: a guerra tinha acabado e os jovens regressavam às suas casas!

Todos gritaram: “É um milagre! É o milagre das velas!”.

A partir daquele dia, acender uma vela na véspera de Natal tornou-se tradição em quase todas as casas do mundo.

 

https://www.mulherportuguesa.com/

17.12.19

Idanha-a-Nova @ Lendas de Portugal - Pitinhas de Nossa Senhora

Miluem

Foto: http://obiologoamador.blogspot.com

 

Pitinhas de Nossa Senhora

 Ainda na fuga para o Egipto, a pequena distância de Nossa Senhora e de São José, seguia uma modesta mas interessante avezinha.

Na cabeça uma poupa ou coroa, no seu todo de simplicidade qualquer coisa de insinuante.

São José, tocando a burrinha, caminhava acabrunhado e sempre receoso que os perseguidores de Jesus Cristo, guiados pelos rastos que ficavam no caminho, pudessem vir a prendê-lo.

 A simpática avezinha, que vinha atrás e jamais deixou de os seguir, ia remexendo com o bico e com os pés os sinais do caminho, e dizendo: — «não o vi», «não o vi», «não o vi».

 E respondendo e contradizendo o canto da noitibó, acrescentava: — «mentira», «mentira», «mentira».

 Os fariseus, que vinham no encalço, não puderam, pelos rastos, descortinar a marcha da Sagrada Familia, e por isso, ainda hoje, o povo de Idanha-a-Nova não só não mata as cotovias, como lhes chama, com muito carinho, «pitinhas de Nossa Senhora».

 

Fonte Biblio: DIAS, Jaime Lopes Contos e Lendas da Beira Coimbra, Alma Azul, 2002 , p.48

Place of Collection: Idanha-A-Nova, IDANHA-A-NOVA, CASTELO BRANCO

Narrativa – When: XX Century, 50s - Crença: Unsure / Uncommitted

Centro de Estudos Ataíde Oliveira

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