Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

01.11.19

Conhece a Praia da Costa de Lavos?

Miluem

IMG_20191012_154103.jpg

IMG_20191028_203243.jpg

IMG_20191028_203007.jpg

 

É uma terra de pescadores antes da Gala e da Figueira da Foz (para quem vai de Sul para Norte) pela EN 109.

 

A localidade de Lavos é do lado direito da EN 109, a praia do esquerdo.

 

IMG_20191027_142335.jpg

 

Ainda se pratica a Arte Xávega (pesca artesanal) conforme se pode ver pela lota improvisada no areal.

 

IMG_20191012_154956.jpg

 

No verão é uma praia bastante procuranda pelos veranenates.

 

IMG_20191012_155113.jpg

 

Li num site que tem boas ondas para a prática de surf.

 

 

Site da J.Freguesia: 

www.jf-lavos.pt

 

 

01.11.19

desafio de escrita dos pássaros #8 - Crescendo

Miluem

69799557_103648321015674_4062285956680515584_n.png

 

 

Tico & Teco à conversa

 

Miluem, tens andado armada em carapau de corrida a falar da Tradição do Pão por Deus e até puseste uns versos para ajudar os iniciados na Arte da Pedinchice, mas quando eras pequena, encaravas a tradição de outra forma.

 

Ajudavas a fazer o bolinho porque eras obrigada, achavas que dava muito trabalho e levava muito tempo a fazer (eras uma pessoa muito ocupada, com muitos afazeres…) mas quando se tratava de comer a massa crua e de os comeres quando saiam do forno quentinhos, os afazeres iam todos para as couves!

 

No dia 1 de Novembro, nem era preciso dizerem-te que eram horas de levantar, nesse dia o colchão tinha picos.

 

Logo cedinho com a saca do pão (de pano e de retalhos, pois está claro!)  pendurada no braço ias ter com os miúdos da vizinhança ao local previamente combinado, já não eram amadores, tinham uma rota e sistema!

 

Começavam cedo a bater às portas com a cantilena do costume,

 

Ó Tia, dá Bolinho?

Ó Tio, dá Bolinho?

 

Nas casas onde sabiam que as pessoas não davam bolinho, divertiam-se a bater à porta e a fugir, depois ficavam a rir e a espreitar as pessoas a virem à porta ainda em pijama.

 

Lembras-te das Estaladas de Amor? Algumas foram porque as pessoas te viram e contaram aos teus pais …

 

Miluem, como criança que eras, não entendias que uma Tradição, não é a mesma coisa que uma Obrigação.

 

As pessoas não eram obrigadas a darem-te bolinhos, além disso existem pessoas que não tinham e continuam a não ter, possibilidades para gastar dinheiro em coisas extra.

 

Pelo facto de ser Tradição, não quer dizer que as pessoas gostem ou concordem com ela.

 

Se as pessoas não gostam e não concordam com certas tradições nós temos que respeitar a postura delas da mesma forma que gostamos que elas nos respeitem.

 

Agora já adulta consegues refletir sobre coisas que em criança não conseguias, sabes porquê?

 

Nós (Tico & Teco) amadurecemos.

IMG_20191031_153759.jpg

 

Para esta semana, o tema é:

Escreve uma carta para a criança que foste

01.11.19

O dia de Todos os Santos @ Cova da Beira

Miluem

"Todos os Santos", pintura de Fra Angelico - National Gallery – London

 

 

Cova da Beira. O dia de Todos os Santos

 

O dia de Todos os Santos, na região da Cova da Beira, mais propriamente no Ferro, era marcado por várias tradições que a seguir se enumeram:

 

Pela manhã, até cerca do meio-dia, crianças e alguns adultos percorriam as ruas, batendo às portas das casas mais abastadas, a pedir uma esmola em géneros ou em dinheiro.

 

Esta esmola destinava-se a sufragar as almas das «obrigações» dos donos da casa, pelo que, os pobres a pediam referindo-se a essa intenção: «Dêem-me uma esmolinha por alma das suas obrigações» ou «por alma de quem lá têm».

 

Enquanto esperavam o óbolo, ou no fim de o receberem, rezavam um Pai-Nosso e uma Avé-Maria, pelas mesmas intenções, em sinal de reconhecimento(1). Neste dia, os que não se julgavam na obrigação de dar, geralmente julgavam-se no direito de pedir.

 

É habito também os padrinhos oferecerem aos afilhados o «afolar»(2) ou «santoro» que consiste numa espécie de carcaça espalmada e comprida de farinha triga, com ovos ou sem eles, envolvida em azeite á saída do forno.

 

A tarde desse dia de Todos os Santos é essencialmente dedicada aos magustos, embora algumas pessoas de meia idade, a empreguem a enfeitar as sepulturas dos seus defuntos, realizando-se ainda, ao anoitecer, o «Compasso das Almas» que hoje em dia já não se faz.

 

Consistem os magustos em assar castanhas em fogueiras de caruma, no campo, ao ar livre.

 

Fazem parte do magusto algumas partidas tradicionais, consistindo uma delas em mandar «molhar o vassouro» a um dos circunstantes mais ingénuos que desconheça ainda as «leis» dos magustos. Esta ordem é dada quando as castanhas estão quase assadas e sob pretexto de, com ele, se apagar a fogueira.

 

Tal brincadeira tem por fim entreter a vítima deste engano, de modo que os outros comam as castanhas todas e bebam a jeropiga enquanto ela vai à procura de água, a não ser que alguém a previna a tempo.

 

Outra partida, indispensável no magusto, é a de se enfarruscarem todos uns aos outros, procurando que não escape ninguém. Para isso, enquanto se vão descascando as castanhas, enegrecem-se as mãos, quando se puder, esfregando-as mesmo no borralho.

 

Há, por vezes, correrias loucas para apanhar algum mais «esquisito» que não queira sujeitar-se a este costume.

 

É assim que se divertem enquanto comem as gostosas e quentes castanhas, ainda a estalar, e vão bebendo a deliciosa jeropiga beiroa, obrigatória em todos os magustos da região.

 


Notas:


(1) - Nos outros dias agradeciam dizendo: Nosso Senhor lhes acrescente os bens e a saúde. E rezavam também pelas almas das «obrigações» dos donos da casa um Pai-Nosso e uma Avé-Maria.


(2) - Folar
Excerto de "Ferro - Cova da Beira", estudos arqueológicos e etnográficos, de Maria da Ascensão Gonçalves Carvalho Rodrigues

 

Fonte: www.folclore-online.com