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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

07.10.19

Viseu @ Lendas de Portugal - O Castanheiro dos Amores

Miluem

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Foto: brigadadafloresta.abae.pt

 

O Castanheiro dos Amores

 

A filha gentil do castelão D. Lopo Soeiro, rico-homem de Viseu — nobre pelos seus pergaminhos e grandemente respeitado pelo valor da sua espada percuciente — e o esbelto cavaleiro D. Martim de Sousa, da Ala dos Namorados, que partia para a guerra a defender o seu país das investidas do audaz Castelhano, abraçavam-se e despediam-se soluçantes junto do Castanheiro dos Amores, na escuridão dessa noite saudosa e à hora em que a treva é mais espessa, e pelo espaço imenso transcorrem os duendes fugitivos.

A bela pedia a Martim de Sousa que tão depressa findasse a luta voasse ali aos pés daquela árvore bendita a restituir-lhe a vida que ele levava consigo presa para os campos de Aljubarrota.

Martim de Sousa desapertara então o pelote e, colocando sobre o peito a mão trémula da filha de D. Soeiro, disse-lhe:

            «Por minha fé que voarei para junto de ti; e que neste mesmo lugar nos encontraremos, tanto que pelejarmos essa rude peleja.»

A batalha pelejou-se, mas o nobre guerreiro é que não voltou mais.

Todavia o juramento cumpriu-se: o fantasma do apaixonado cavaleiro apareceu, volvido um ano, alta noite e à mesma hora, no Castanheiro dos Amores, e nunca deixou de vir, em cada aniversário, enquanto a bela castelã não foi juntar-se com ele no Céu.

Dava ele sempre três voltas em derredor da árvore sagrada e chamava soluçante pela filha de D. Soeiro.

Esta árvore lendária, que vegetava junto do muro da vedação que desce do Cruzeiro à Carreira dos Carvalhos, não longe do Paço Espiscopal de Fontelo, secou, mirrou-se, desfez-se em Setembro de 1889.

Foto: C.M. Viseu - Antigo Paço Episcopal de Fontelo

 

Fonte Biblio: VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas II Coimbra, por ordem da universidade, 1966 , p.686 - Ano: 1911 - Place of collection:  VISEU, VISEU
Informante: Correia de Lemos (M),
Narrativa - When: XIV Century, - Crença: Unsure / Uncommitted

Centro de Estudos Ataíde Oliveira

06.10.19

Cascais @ Lendas de Portugal - A boca do inferno

Miluem

Foto: Wikipédia - Autor: Beatriznog10 - CC BY-SA 3.0

 

 

A boca do inferno

 

Informante:

Há muitos, muitos anos atrás, talvez séculos, havia um, ao pé do mar, uma zona que nós agora chamamos boca do inferno, e a boca do inferno vem, tem esse nome porque, havia um homem muito feio, muito feio, feiticeiro, usava uma bola de cristal, e que era tão feio, tão feio e tão mau que estava escondido no castelo, entretanto ele quis casar, então consultou a bola de cristal, para descobrir a menina mais bonita de cascais, e foi buscá-la, mandou um cavaleiro rapta-la.

Entretanto a menina quando chegou ao castelo ficou tão assustada com o homem que era tão feio, tão horrível, que disse que não queria casar com ele evidentemente.

Entretanto ele para a castigar, escondeu-a numa cela do castelo, e escolheu um cavaleiro que nunca tivesse visto a menina e que na altura também não a viu para a guardar.

Entretanto passaram-se meses e o cavaleiro teve curiosidade em saber quem lá estava escondido.

Foi então que viu uma linda menina e resolveu fugir com ela num cavalo branco.

Entretanto o feiticeiro conseguiu ver através da bola de cristal, e com a ira dele rasgou o chão, portanto o chão abriu-se.

E daí que chama-se boca do inferno, quem conhece são uns espinhaços grandes no meio do mar, parece mesmo a boca de uma pessoa com dentes podres e daí o nome boca do inferno.

    Colector: Há quanto tempo é que ouviu essa história?

    Informante: Já oiço esta história desde miúda.

    Colector: Acreditava nela não é?

    Informante: Sim.

    Colector: E agora?

    Informante: Não [A informante ri]. Acho que não é muito possível, mas não sei.

    Colector: Quem é que lhe contava a lenda?

    Informante: A minha mãe, na escola.

    Colector: Lembra-se onde é que ouviu pela primeira vez?

    Informante: Eu penso que foi talvez os meus pais num dia, talvez num domingo, nós costumávamos ir passear, tenho a impressão que foi nessa altura que me contaram, porque aquilo ouve-se um barulho imenso, assim mesmo agressivo no mar e pronto, só vendo.

    Colector: Quando é que foi a última vez que ouviu?

    Informante: Ah…não sei, é mais fácil saber da primeira vez do que saber da última.

    Colector: Costuma contar a lenda a alguém?

    Informante: Não, por acaso não.

 

Fonte Biblio AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,

Ano: 2007 - Place of collection:-, CASCAIS, LISBOA - Colector: Susana Penela (F)

Informante: Paula Parrinha Lamim (F), 35 y.o., born at - (OEIRAS) LISBOA,

Narrativa – When: XX Century - Crença: Unsure / Uncommitted

Centro de Estudos Ataíde Oliveira

04.10.19

Monchique @ Lendas de Portugal - Lenda do Manto de Santo António

Miluem

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Foto: Arquidiocese de Sorocaba, Brasil

 

Lenda do Manto de Santo António

 

Diz a lenda que, em Monchique, uma jovem pediu a Santo António para lhe arranjar casamento. Ela casou e, agradecida, cobriu a imagem do santo com um manto azul bordado a ouro.

No entanto, a jovem não foi tão feliz como esperava. O marido tratava-a mal, apesar da sua gravidez. Assim, nasceu uma filha, que cresceu entre discussões azedas.

Aos oito anos, a criança decidiu pedir a Santo António para pôr termo a tantas discussões. Em troca, prometeu-lhe que nunca lhe faltariam flores.

Após algumas horas a rezar junto à imagem do santo, a menina sentiu alguém tocar-lhe no ombro. Um homem estranho pediu-lhe algo para comer e um sítio para descansar.

A menina levou-o para sua casa, mas o pai resmungou pelo atrevimento da filha.

Então, o visitante resolveu conversar com ele. Encantado com as palavras do visitante, o pai da criança sentiu que iniciava nesse instante uma vida nova e resolveu ajudar a mulher a preparar a refeição.

Quando voltou à sala, o estranho homem tinha desaparecido e no seu lugar estava uma pequena imagem de Santo António, semelhante à que se encontrava no nicho da vila.

A partir daquele dia, nunca mais faltaram flores a Santo António.

 

 

Como referenciar:

Lenda do Manto de Santo António in Artigos de apoio Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2019

Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$lenda-do-manto-de-santo-antonio

04.10.19

desafio de escrita dos pássaros #4 - A Beatriz disse que não. E e agora?

Miluem

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A Beatriz disse que não. E e agora ??!!

 

Bichanou Lizete a Felismino, em que pé ficam o Cruzeiro às Concheles, a quota na Quinta do Verdete e o negócio?

 

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Tanto a Dra. Lizete como o Eng.º Felismino eram de proveniência humilde, de famílias trabalhadoras e orgulhosas por terem um dos seus na Universidade.

 

Por obra do destino, viriam a encontrar-se no Campus da Universidade de Coimbra, e tornaram-se inseparáveis, união que se manteve após a Universidade e se firmou no casamento, formando uma nova família, ambos com carreiras de sucesso (um passado e história reescritos, os verdadeiros não estavam à altura do status entretanto aquirido)  e sem qualquer pudor em "atropelar" quem estivesse no caminho.

 

A vida de reconhecimento social que almejavam estava finalmente ao seu alcance. O noivado da sua filha Beatriz com Henrique, o filho do seu cliente e amigo, Dr. Armando Albuquerque tinha-lhes aberto as portas do restrito "círculo das fortunas antigas" da cidade.

 

Beatriz tinha terminado há pouco o Curso de Medicina e pretendia tirar um ano sabático, antes da especialização em Cardiologia, e fazer voluntariado no interior do país junto de populações idosas, mas conheceu Henrique e o seu mundo mudou.

 

Apaixonou-se, todos os seus antigos planos mudaram e tomaram o seu lugar, uma família feliz com filhos queridos e amados e medicina exercida num pequeno consultório.

 

Henrique era possuidor de um Mestrado em Eng.ª Aerospacial, mas trabalhar não fazia parte dos seus planos, era apreciador de uma vida desregrada de luxo e estravagância,

 

Beatriz sem saber, era a "moeda de pagamento" de um negócio entre duas famílias, Lizete e Felismino compravam Estatuto Social  a Armando Albuquerque e ofereciam uma fachada de respeitabilidade ao seu filho cuja conduta incomodava e embaraçava a família. Com os pormenores do "negócio" assentes, Lizete respirou de alívio.

 

O local escolhido para o casamento e boda, foi uma belíssima Quinta de Vinho do Porto à beira do Rio Douro, inundada de cores de Outono, que deslumbrava a fina flor da sociedade que ia chegando para as cerimónias. Lizete e Felismino andavam num frenesim com os convidados.

 

Beatriz, sozinha no quarto estava linda no seu vestido branco. Ouviu vozes em tom alterado, reconheceu-as e entreabriu a porta, ouviu parte da conversa entre Henrique e Armando e decidiu!

 

NÃO!!!

 

IMG_20191004_141623.jpgFotos: google reunidas e trabalhadas

03.10.19

Castro Marim @ Lendas de Portugal - Lenda do Azinhal

Miluem

Foto: http://portugalfotografiaaerea.blogspot.com

 

Lenda do Azinhal

 

    Diz a lenda que antigamente, no local que hoje se chama Azinhal, existia um nobre muito poderoso e que era dono de muitas terras e que esse nobre tinha uma filha muito bela e que estava habituada a satisfazer todos os seus desejos.

    Um dia essa rapariga conheceu um jovem cavaleiro, que era também muito belo e por quem se apaixonou. Só que esse jovem jurara a ele próprio que nunca se havia de se apaixonar por ninguém e que queria ser livre para sempre.

     Entretanto, o jovem não conseguiu resistir ao encanto da jovem e apaixonou-se mesmo por ela. Então, a rapariga, impôs-lhe como condição, antes de se entregar, que ele renunciasse à sua liberdade.

     Então o cavaleiro, desesperado e sem saber o que fazer da sua vida, correu até um montado de azinheiras e ao chegar junto de uma árvore cravou um punhal de oiro no coração e morreu.

    Diz-se ainda hoje que este jovem costuma aparecer durante a noite com o peito ferido e a sangrar e que também se ouvem suspiros e o choro de uma jovem.

     A lenda diz também que os dois continuam a amar-se eternamente e que ela, sempre a chorar, vai fazendo, vai tecendo finas rendas para tentar estancar o sangue que sai do coração do seu amado.

    Foi também a partir desta lenda que terão surgido as rendas de bilros que são também hoje muito conhecidas aqui na aldeia, que algumas mulheres ainda continuam hoje em dia a fazer.

 

Fonte Biblio:  AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,

Ano: 2007 - Place of collection: Azinhal, CASTRO MARIM, FAROColector: Helder Manuel Marcos (M)

Informante: Ana Isabel Silva (F), 29 y.o., born at Azinhal (CASTRO MARIM) FARO, Narrativa -  Crença: Unsure / Uncommitted

Centro de Estudos Ataíde Oliveira