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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

23.08.19

Aprendeu-se pouco

Miluem

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Estou a ver cada vez mais países governados por lunáticos.

 

O Trump (entre muito disparate) quer comprar a Gronelândia ...

 

O Bolsonaro, segundo já se começa a apurar, tem um dedinho no fogo da Amazónia ...

 

Em tempos difíceis e negros é fácil seguirmos quem nos promete a luz, mesmo que antes nunca lhe tenhamos reconhecido qualquer credibilidade.


Mas e se a luz que nos prometem for uma ilusão e a realidade a escuridão absoluta?

 

Temos exemplos desses na História.

 

A História não serve para encher livros e decorar na escola para os testes, serve para aprender com os erros cometidos.

 

23.08.19

Ditos e Ditados Populares @ CI

Miluem

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500 provérbios portugueses antigos - Educação moral, mentalidade e linguagem - de Jean Lauand

 

Estudo e recolha com base no Livro de provérbios de Antonio Delicado

 

Na Biblioteca Municipal Mário de Andrade (São Paulo-Brasil), encontra-se uma raridade: um exemplar original do livro do lecenciado prior Antonio Delicado, Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs, Lisboa, Officina de Domingos Lopes Rosa, 1651.

 

23.08.19

Ponte de Lima @ Lendas de Portugal - Lenda da pieira de lobos

Miluem

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Foto: https://www.cm-pontedelima.pt

 

Lenda da pieira de lobos

 

Era uma vez um cavaleiro chamado D. Afonso Ancemonde, senhor de Refojos, em terras de Ponte de Lima, onde residia, num grande solar acastelado.

Fora companheiro de armas do pai do nosso primeiro rei e, junto dele, travara inúmeras batalhas contra os moiros, distinguindo-se pela firmeza do pulso, no manejo do montante, a cair, violento, sobre os brancos albornozes, tingindo-os de sangue vivo.

Mas a sua bravura igualava a brandura do seu coração, perante o encanto de uma mulher. Pois, ao apaixonar-se, aquebrantava-se-lhe o ímpeto guerreiro, entregue, unicamente, à doçura do amor.

Caçador infatigável, ocupava as suas madrugadas perseguindo, no monte áspero da Labruja, o rasto do urso, que por esses tempos habitava aquelas selvas, feroz e traiçoeiro.

Um dia, porém, surgiu-lhe, pela frente, ululante, uma alcateia de lobos famintos e ameaçadores.

Não se temeu dela D. Afonso. Tomou o arco e disparou uma flecha certeira, atingindo, entre os olhos de fogo, o chefe do bando, que o comandava à dianteira.

O animal ferido soltou um uivo medonho e desapareceu numa brecha entre dois altos penedos, seguido pelos companheiros.

Quis o fidalgo ir-lhes no encalce, esporeando, com fúria, os flancos do seu ginete aterrorizado.

Partiu o cavaleiro numa corrida desenfreada. Mas o cavalo, cego de dor e de medo, foi chocar com a dureza dos penedos, derrubando D. Afonso, que ali quedou desmaiado.

Quando o senhor de Refojos abriu, por fim, os olhos, viu-se deitado numa vasta gruta recoberta de peles de corça, assistido por uma dama formosíssima, que tinha, aos pés, com a mansidão de um cordeiro, o lobo alvejado pela sua flecha.

Perguntou-lhe D. Afonso quem era e porque se encontrava naquele misterioso lugar, na companhia perigosa de uma fera.

Ouviu-lhe, então, com espanto, a história do que lhe havia acontecido e do que lhe estava a acontecer:

Última das sete filhas de um casal de nobres pergaminhos, os pais haviam-se esquecido de lhe dar por madrinha uma das seis irmãs, condenando-a, assim, a um destino maldito:

Quando a Lua Cheia ilumina as noites limianas, ela transforma-se em pieira de lobos, (pastora de lobos), vagueando, com eles, pelo escuro das brenhas, pelos fundos fojos das montanhas, vendo-lhes a face sangrenta de abocanhar as presas, os olhos coruscantes.

Mas, nesse dia, completava-se o sétimo ano da sua condenação, quando o amor de um homem a podia restituir à liberdade, à paz de uma vida normal.

Por certo, D. Afonso era esse homem que a salvaria de fado tão cruento, concedendo-lhe a desejada felicidade.

Mas não era.

O cavaleiro, embora fascinado pela beleza da jovem, julgou-se diante de uma impostora, de alguém que lhe cobiçava o nome e a fortuna, inventando uma história fantástica para o seduzir.

Talvez uma dessas muitas comediantes que conhecera nas trupes teatrais, animadoras de serões dos paços, com seus trovadores, poetas e bailarinos, suas momices e entremezes.

Sim: com muitas dessas comediantes tivera amores passageiros, que lhe enfraqueciam os golpes de espada, no ardor do combate.

Não, não acreditava naquela falsa pieira de lobos, no artificio da gruta, no lobo submisso!

Tudo aquilo era, apenas, uma cilada ao seu coração sensível.

Com um gesto indignado afastou de si a embusteira.

Ai dele, porém!

A pieira de lobos falava verdade.

E, magoada com a dúvida de D. Afonso, logo nesse instante lhe lançou uma terrível maldição:

- Tal com eu, irás vaguear, durante milhares de anos, atrás de outros milhares, por todos estes vales e florestas, em noites de Lua Cheia, seguido por uma alcateia ululante!

Depois dos malfadados acontecimentos desse dia de caça, o fidalgo pouco durou com vida.

Doou aos frades todas as suas terras de Refojos e morreu de uma doença desconhecida e fatal.

Escusado será dizer que, quando sobe a Lua Cheia no céu daquelas paragens, no espaço de um relâmpago, qualquer um pode avistar D. Afonso Ancemonde, hirto na sela do seu cavalo, galopando alucinadamente, seguido por uma alcateia ululante.

Onde vai? De onde vem? Ninguém o saberá dizer.

Sabe-se, apenas, que esta visão, iluminada por um luar funéreo, ira assombrar os caminhos da Ribeira-Lima, durante milhares de anos, atrás de outros milhares.

 

 

Fonte Biblio VIANA, António Manuel Couto Lendas do Vale do Lima Ponte de Lima, Valima, Associação de Municípios do Vale do Lima, 2002 , p.43-46

Place of Collection -, PONTE DE LIMA, VIANA DO CASTELO.

CeAo Centro de Estudos Ataíde Oliveira