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As coisas de que eu gosto! e as outras...

Bem-vind' ao meu espaço! Sou uma colectora de momentos e saberes.

As coisas de que eu gosto! e as outras...

14.08.19

Lousã @ Lendas de Portugal - A Moura do Castelo da Lousã

Miluem

Castelo da Lousã ou Castelo de Arouce

 

A Moura do Castelo da Lousã

 

Foi ali no castelo da Lousã... iam pró moinho de Valadares, (que já não trabalha há muitos anos) e os acartadores, (os acartadores eram homens que tinham burros, bestas) iam a levar o trigo e (...) traziam a farinha.

Depois a um homem apareceu-lhe ali no ribeiro (ali que vem ali do... ali das vinhas, (...) apareceu-lhe aquele homem, que ia levar os sacos de trigo e apareceu-lhe... estava uma cobra, metade da cintura pra cima mulher e da cabeça para baixo cobra, e ela assentada e os cabelos caídos para o chão e uns olhos muitos bonitos. E olhou para ele e disse-lhe, que se ele fora capaz de a desencantar ela lhe dava toda a riqueza, e ele olhou assim para ela [e ela disse-lhe:]

- Eu não te faço mal, (eu não te faço mal); no entanto se fores capaz de me desencantar (lá disse, lá marcou a data) eu venho aqui para me desencantares e então depois ele foi, não disse então nada nem mulher, nem a filhos, nem a netos, que o homem já era velhote.

Lá marchou e chegou além e ela disse-lhe, (ela tinha-lhe dito:)

- Eu não venho conforme estou, eu depois venho em forma de serpente, mas primeiro de mim (primeiro de mim) há-de vir um pé-de-vento muito grande... não tenhas medo, bem como uma coisa, um remoinho a querer-te levar os burros, não tenhas medo!

Depois vêem uma roda de um moinho rodando ao redor de ti, ao redor de ti e tu fugindo, mas não te mexas de onde estás! Em seguida vem um touro a querer-te marrar e a querer-te matar e querer isso, mas tu não tenhas medo, não te faz mal nem a ti, nem aos teus burros. E a última sou eu e se fores capaz de me desencantar, de fazer isto tudo conforme eu aqui estou a dizer, tens que abrir a minha boca e eu com a minha língua tirar-te os santos óleos que tens no céu da boca quando foste baptizado por igreja, que é o que eu não tenho, se fores capaz disso, tudo quanto eu tenho é teu, mas se não fores capaz…

O homem disse que sim, que era capaz, mas ele fez tudo como era devido, como ela lhe tinha dito. Mas quando ela lhe foi a subir assim por cima dele, e abriu a boca e ela ia meter a língua dentro da boca dele, ele estremeceu-se e ela caiu para o chão e disse:

- Ah tirano, que me dobraste o encanto! Não te mato, tenho pena de ti, senão matava-te!

Bem, nisso mais ninguém nessa altura a viu, mas houve mais tarde um senhor que andava… a queimar uma moreira e não falou com ela, mas viu-a muito bem, e olhou para ela e ela é muito bonita, mas com a diferença que é só da cintura para cima, da cintura para baixo é uma serpente. Quando ele foi a encarar com ela para lhe falar ela fugiu já feita cobra.

O primo Marco Serrano ia cedo a ver se tinham peixe, ele não falou com ela, mas viu-a muito bem e ela é muito bonita com a diferença que é só na parte de cima.

 

Créditos:

Fonte:

Fonte Biblio: AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a, Ano: 1997

Place of collection: Luz, MOURÃO, ÉVORA, Colector: Flávia Lourenço (F)

Informante: Rita Maria da Silva (F), 85 y.o., born at Luz (MOURÃO) ÉVORA,

Centro de Estudos Ataíde Oliveira

Foto: https://aldeiasdoxisto.pt

14.08.19

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Miluem

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500 provérbios portugueses antigos - Educação moral, mentalidade e linguagem - de Jean Lauand

 

Estudo e recolha com base no Livro de provérbios de Antonio Delicado

 

Na Biblioteca Municipal Mário de Andrade (São Paulo-Brasil), encontra-se uma raridade: um exemplar original do livro do lecenciado prior Antonio Delicado, Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs, Lisboa, Officina de Domingos Lopes Rosa, 1651.